Lesão Axonal Difusa
O que é a Lesão Axonal Difusa?
A lesão axonal difusa se refere a um tipo de Traumatismo Craniano no qual acontece um acometimento difuso dos axônios, uma estrutura alongada pertencente aos neurônios.
Ela geralmente resulta do cérebro se deslocando rápido do cérebro dentro do crânio. Após um impacto súbito, as forças mecânicas fazem com que as fibras nervosas (axônios) se estiquem e rasguem.
Os axônios são responsáveis pela transmissão de impulsos elétricos dentro do cérebro e dalí para a medula espinhal e para o restante do corpo. Com a lesão, a função cerebral pode ficar gravemente comprometida.
A Lesão Axonal Difusa é a causa mais comum de coma, incapacidade e estado vegetativo persistente em pessoas vítimas de Traumatismo Craniano.
Como acontece a Lesão Axonal Difusa?
A Lesão Axonal Difusa geralmente acontece em traumatismos cranianos de alta energia de alta energia em que o cérebro gira ou se move subitamente para frente ou para trás dentro do crânio.
Isso geralmente acontece em movimentos de aceleração e desaceleração, incluindo:
- Acidentes de trânsito;
- Traumas esportivos;
- quedas acidentais, especialmente em idosos;
- Síndrome do bebê sacudido.
Sintomas
A apresentação clínica da Lesão Axonal Difusa depende da gravidade da lesão cerebral. Em casos leves, os sintomas podem incluir:
- Náusea e vômitos;
- Fadiga;
- Dor de cabeça;
- Tontura.
Nos casos mais graves, o paciente geralmente apresenta perda de consciência e resultados de exames neurológicos ruins. Alguns pacientes persistem em estado vegetativo de forma definitiva.
A Lesão Axonal Difusa pode também apresentar-se com disautonomia, que se refere a um conjunto de sinais decorrentes do mal funcionamento do Sistema Nervoso Autônomo.
Entre eles, incluem-se:
- Taquicardia em repouso;
- Taquipneia;
- suor excessivo;
- hipertermia.
Diagnóstico da Lesão Axonal Difusa
O único exame capaz de confirmar com certeza a presença de lesão axonal difusa seria por meio de uma biópsia do tecido cerebral no local da lesão, o que não faz sentido no paciente vivo.
Assim, a Lesão Axonal Difusa deve ser diagnosticada com base na história clínica, exame neurológico e exames de imagem.
Clinicamente, ela deve ser considerada especialmente naquelas pessoas que sofreram uma rápida aceleração ou desaceleração da cabeça no momento do trauma.
O principal diagnóstico diferencial nestes casos é com a concussão cerebral.
A diferença entre a concussão e a Lesão Axonal Difusa é que, na concussão, não existe uma lesão estrutural do tecido cerebral.
Além de descartar outros tipos de lesão cerebral, como um hematoma, a ressonância magnética pode mostrar um dano cerebral sugestivo de uma lesão axonal difusa. O problema é que estas alterações só são vistas em aproximadamente 50% dos pacientes que de fato sofreram a lesão.
Na prática, a diferenciação costuma ser feita com base na evolução clínica. Casos em que a perda de consciência persiste por menos de 6 horas são caracterizados como concussão, enquanto aqueles com mais de 6 horas de perda da consciência são caracterizados como Lesão Axonal Difusa (1).
Tratamento da Lesão Axonal Difusa
O tratamento inicial da Lesão Axonal Difusa é semelhante ao de outros traumatismos cranianos graves.
O paciente deve ser mantido internado, geralmente em uma Unidade de Terapia Intensiva.
O objetivo principal deve ser garantir que as vias aéreas estejam abertas, prover oferta adequada de oxigênio e manter a pressão arterial sob controle.
Eventualmente, medicações podem ser usadas para manter o coma induzido. O objetivo, nestes casos, é prover repouso ao cérebro, evitando com isso um dano secundário maior e provendo condições para que ele se recupere.
Medicações anticonvulsivantes e diuréticos poderão ser utilizados em alguns casos.
Prognóstico da Lesão Axonal Difusa
Como regra geral, o prognóstico da Lesão Axonal Difusa não é bom.
A classificação da lesão com base nos exames de imagem é a melhor forma de se predizer o prognóstico, mostrada abaixo. Ainda assim, a recuperação nem sempre é fácil de prever.
GRAU | ACHADO | PROGNÓSTICO |
1 | Dano axonal difuso dentro da substância branca dos hemisférios cerebrais e interfaces substância branca-cinzenta | Breve perda de consciência |
2 | Hemorragias teciduais presentes; dano axonal da substância branca, incluindo regiões de grau 1 e o território do corpo caloso | Recuperação variável, com coma de duração incerta |
3 | Achados de grau 2, além de hemorragias teciduais no tronco cerebral | Coma instantâneo com postura e recuperação incompleta |