Instabilidade Crônica do Tornozelo
Instabilidade Crônica do Tornozelo
A Instabilidade Crônica do Tornozelo se caracteriza pela ocorrência de repetidos episódios de entorse do tornozelo e pela sensação de que a articulação irá falhar a qualquer momento.
Esta é uma complicação relativamente comum após entorses mais graves, principalmente aquelas de grau 3.
A instabilidade pode estar associada a dois fatores:
- Frouxidão residual dos ligamentos;
- Desequilíbrio funcional dos tornozelos, incluindo um controle neuromuscular deficiente, fraqueza muscular ou controle postural deficiente.
No início, as entorses acontecem durante a prática esportiva ou traumas de maior energia. Entretanto, à medida que o tornozelo vai ficando mais frouxo, elas passam a ocorrer em situações cada vez mais corriqueiras.
O que sente o paciente com Instabilidade Crônica do Tornozelo?
A principal queixa do paciente com Instabilidade Crônica do Tornozelo é a falta de segurança nessa articulação. O paciente fica com a sensação de que ela irá falhar a qualquer momento.
Dor e inchaço podem eventualmente acompanhar a instabilidade. Isso acontece principalmente nos pacientes que já desenvolveram uma Artrose do tornozelo secundária à instabilidade crônica.
Quais as causas da instabilidade crônica do tornozelo?
Qualquer entorse com rompimento completo dos ligamentos do tornozelo pode evoluir com cicatrização incompleta e instabilidade crônica. Entretanto, o risco é maior quando o tempo ou o método de imobilização é insuficiente ou a reabilitação é inadequada.
- Quando o tempo de imobilização é insuficiente, o ligamento rompido acaba por cicatrizar de forma mais frouxa, perdendo sua função estabilizadora;
- Quando a reabilitação é inadequada, a propriocepção (capacidade de manter o equilíbrio) fica prejudicada e a musculatura fica fraca. Em todas estas situações, o risco para novas entorses aumenta.
Cada novo entorse subsequente leva a um afrouxamento ainda maior nos ligamentos. Com isso, a instabilidade piora e as entorses se tornam mais frequentes.
Diagnóstico da Instabilidade Crônica do Tornozelo
O diagnóstico da Instabilidade Crônica do Tornozelo deve ser feito com base na história clínica e no exame físico do paciente.
Os exames de imagem ajudam basicamente na identificação de lesões associadas ao tornozelo, especialmente as Lesões osteocondrais do tornozelo e a tendinite dos fibulares.
![](https://me.med.br/wp-content/uploads/2021/12/instabilidade-cronica-do-tornozelo-2.jpg)
Artrose decorrente da instabilidade crônica do tornozelo
Tratamento Não Cirúrgico
O tratamento sem cirurgia da Instabilidade Crõnica do Tornozelo não é capaz de recuperar o ligamento frouxo. O objetivo é compensar a falta dos ligamentos com uma musculatura mais forte e eficiente.
Este tratamento pode ser bastante eficiente em melhorar a função do tornozelo como um todo. Entretanto, a espectativa de melhora é maior para pacientes menos ativos ou para aqueles envolvidos com esportes sem movimentos de giro ou mudanças de direção.
O tratamento sem cirurgia pode incluir:
- Fisioterapia: envolve exercícios para fortalecer a musculatura ao redor do tornozelo e melhorar o equilíbrio;
- Órtese: imobilizadores maleolares no tornozelo ajudam a melhorar a estabilidade e a evitar entorses adicionais do tornozelo, podendo ser indicados para uso durante a prática esportiva;
- Esparadrapagens: as esparadrapagens são proteções feitas com o uso de esparadrapos, muitas vezes utilizadas durante a prática esportiva.
Tratamento Cirúrgico
A cirurgia é a única forma de recuperar a tensão dos ligamentos afrouxados. Diversas técnicas foram descritas para isso. Elas podem envolver a reconstrução ou o reparo dos ligamentos rompidos.
Reconstrução
São técnicas que buscam substituir o ligamento rompido com o uso de um tendão retirado de outro local. São procedimentos que aumentam anormalmente a rigidez do tornozelo.
Reparo dos ligamentos rompidos (procedimento de Brostrom).
Técnicas que buscam um retencionamento dos ligamentos rompidos.
O procedimento de Brostrom e suas variantes são as cirurgias mais populares para a instabilidade do tornozelo.
O procedimento é realizado através de uma incisão na parte externa do tornozelo. A incisão é aberta até a articulação. O ligamento talofibular anterior é identificado e tensionado.
Isso é feito cortando o ligamento e reparando-o em uma posição mais encurtada com suturas fortes e não absorvíveis.
![](https://me.med.br/wp-content/uploads/2021/12/instabilidade-cronica-1.jpg)
Procedimento de Brostrom. (A): O ligamento fibulotalar anterior é cortado e reparado com fios de sutura. (B) O ligamento é novamente fixo ao osso, em uma posição mais encurtada.
Após a cirurgia, o paciente deve permanecer seis semanas sem apoiar o peso do corpo sobre o pé operado. O tornozelo deve ser mantido imobilizado, retirando-se a imobilização para a realização de movimentos leves e sem apoio do peso.
Aproximadamente 80 a 90% dos pacientes submetidos à cirurgia de Brostrom recuperam a estabilidade e a função do tornozelo (1, 2).
A reabilitação formal normalmente começa seis semanas após o reparo. A fisioterapia é fundamental para o bom resultado da cirurgia, e tem por objetivo recuperar a amplitude de movimento, a força e a propriocepção.
O retorno esportivo pode levar de quatro a seis meses.