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Importância da família no suporte ao paciente oncológico

Importância da família no suporte ao paciente oncológico

A importância da família no suporte ao paciente oncológico é bastante significativa. É ela quem poderá oferecer apoio emocional e acolhimento nos momentos mais críticos do tratamento, por exemplo.

Além disso, o seio familiar é capaz de conduzir o paciente ao tratamento adequado, além de ajudá-lo nas suas principais tomadas de decisão durante o processo.

Neste texto, apresentamos uma série de considerações importantes que podem ajudar você a compreender a importância que a família tem frente ao tratamento contra o câncer.

Importância da família no suporte ao paciente oncológico

A importância da família no suporte ao paciente oncológico decorre de uma série de fatores. Listamos alguns dos principais para que possamos refletir, juntos, sobre essa temática. Confira:

1. Estímulo para a adesão do tratamento
A família pode ter a capacidade de estimular que o paciente aceite as condições do tratamento e siga as recomendações médicas.
Afinal, devido aos efeitos colaterais provocados pelos tratamentos contra o câncer, algumas pessoas podem ficar mais relutantes e resistentes à adesão.
Em contrapartida, quando a família se faz presente e demonstra preocupação para com o indivíduo, este pode se sentir mais instigado em enfrentar os desafios com o propósito de tentar atingir o êxito no tratamento.
Além disso, a família pode oferecer o suporte emocional e psicológico para os dias nos quais o enfrentamento do tratamento pareça ainda mais difícil e sobrecarregado, oferecendo amparo e segurança emocional ao paciente.

2. Estímulo para o consumo de medicamento
Da mesma forma que a família pode estimular a adesão ao tratamento, é possível estimular o consumo dos medicamentos que possam ser prescritos pelo médico.
Tanto no sentido de manter o controle da agenda de medicamentos, dando ao paciente nos horários corretos, quanto no sentido de estimular a compra, por exemplo, quando necessário.
Essa preocupação demonstra um ato de carinho e atenção, que pode oferecer aconchego emocional, mesmo diante de situações tão adversas.

3. Sensação de pertencimento e acolhimento
A importância da família no suporte ao paciente oncológico também se envolve com a atmosfera social de acolhimento e pertencimento que ela é capaz de proporcionar.
Quando a família é ausente, o paciente pode sentir solidão, desamparo e sensação de exclusão social. Em contrapartida, quando a família é presente na vida do indivíduo, este pode se sentir mais acolhido pelas pessoas queridas, ao mesmo tempo em que pode se sentir parte de um seio familiar sadio – sendo que isso contribui para a qualidade de vida em diversas circunstâncias da vida, e não apenas no caso do tratamento contra o câncer.

4. Apoio emocional frente às adversidades vividas
Durante o tratamento, o paciente pode enfrentar uma série de desafios. São diversas as situações que podem provocar medo, angústia e até mesmo revolta.
Ter apoio emocional nesses momentos é o que contribui para uma proteção a mais da saúde mental. O paciente, que terá a chance de falar sobre o que sente, sendo acolhido e escutado, poderá se sentir mais tranquilo, mesmo em seus dias mais difíceis.
Todo esse apoio pode fazer a diferença durante o tratamento e durante a vida, como um todo.

5. Apoio financeiro para manter a qualidade de vida
Sem dúvidas, um diagnóstico de câncer pode trazer dificuldades financeiras para qualquer indivíduo, especialmente se este for responsável pelo sustento do lar.
Assim sendo, receber apoio de familiares e parentes, nesse sentido, é algo que pode contribuir para o mantimento da qualidade de vida.
Afinal, se o paciente não receber suporte financeiro e precisar encarar as adversidades sozinho, como poderá manter a qualidade de vida o tempo todo? Certamente, a falta de suporte e as dificuldades do tratamento podem, em muitos casos, oferecer abalos financeiros que prejudicam o bem-estar e a saúde mental do sujeito.

6. Participação afetiva
A participação afetiva também é uma peça-chave que entra para a lista de pontos que apresentam a importância da família no suporte ao paciente oncológico.
Quando estamos diante de uma situação difícil em nossas vidas, receber o apoio afetivo de pessoas que amamos pode fazer toda a diferença.
A sensação de cuidado, aconchego e acolhimento pode produzir uma maior proteção para a saúde mental, diminuindo as chances de o paciente vir a desenvolver questões psicológicas, como um quadro de depressão, por exemplo.

7. O enfrentamento pode se tornar mais estável e tranquilo
O enfrentamento das adversidades pode se tornar mais estável e tranquilo. Perceber que a família está presente, dando amparo nos momentos mais difíceis, pode resultar em uma menor chance de haver grandes abalos emocionais durante o tratamento.
O indivíduo pode se sentir mais calmo diante das situações, ao se dar conta de que receberá o suporte necessário para atravessar os desafios que surgem à sua frente.
Essa estabilidade também é um bom caminho para o mantimento da saúde mental.

8. A falta de apoio e comunicação familiar pode conduzir o paciente a decisões equivocadas
Durante o tratamento, o paciente pode se ver diante de impasses e tomadas de decisão importantes. O apoio da família e a boa comunicação no seio familiar, nestes casos, podem ajudá-lo a tomar decisões pautadas em um planejamento, análise de prós e contras, etc.
Sem esse apoio, o paciente pode se sentir um pouco perdido em alguns casos, e a sensação de desamparo pode levá-lo a decisões não tão adequadas ao que ele almeja. Mais tarde, essas decisões “ruins” podem impactar a forma de enxergar o tratamento e os efeitos que ele pode desencadear no sujeito.

9. O planejamento conjunto com a família pode tornar as decisões mais seguras
Seguindo o que apontamos acima, o planejamento conjunto com a família pode tornar as decisões mais seguras no dia a dia.
Essas decisões podem estar envolvidas com o tratamento, com a rotina, com as atividades que serão praticadas no cotidiano ou não, e assim por diante.
Ter mentes pensantes que colaboram para a análise dos prós e dos contras das escolhas, sem anular o desejo do paciente, é uma forma de repensar as situações com mais clareza, buscando decisões mais benéficas para o sujeito.

10. A família pode contribuir para uma melhora na qualidade de vida
A família também pode contribuir na hora de oferecer um ambiente e uma rotina que priorizem o conforto, o bem-estar e a qualidade de vida do sujeito.
É o caso de adaptar o lar para mantê-lo mais confortável e agradável no ambiente; oferecer atividades em família que o inclua e proporcionem bem-estar; criar estratégias para minimizar os pensamentos negativos e as emoções que abalam o sujeito; oferecer escuta emocional, que contribui para uma melhora na saúde mental; oferecer uma rotina alimentar e de hábitos que proporciona mais saúde, bem-estar e qualidade de vida; enfim!
São diversas as ações que nos mostram a importância da família no suporte ao paciente oncológico no que tange à qualidade de vida.

11. Ponto de segurança para seguir adiante
A família também pode ser vista como um verdadeiro “porto-seguro” para o paciente que está enfrentando o tratamento contra o câncer.
Diante das adversidades da vida, sentir que existe um ponto de segurança, que proporciona escuta, acolhimento, carinho e amor, é algo muito relevante.
Nesse cenário, há maiores chances de o paciente se sentir mais fortalecido emocionalmente, encarando o tratamento por uma perspectiva mais positiva ao receber esse tipo de visão da própria família.
Isto é, se a família o fortalece e demonstra interesse no tratamento como algo positivo, a tendência é que o paciente possa se sentir mais esperançoso frente a essa situação.
Por isso, a família estar presente, demonstrando-se como um verdadeiro porto-seguro, é algo que pode contribuir para a qualidade de vida do sujeito.

Depressão, vulnerabilidade e agravos psicológicos na ausência da família

A importância da família no suporte ao paciente oncológico também se envolve com o fato de que ela pode proporcionar um maior apoio emocional em diversas circunstâncias da vida do paciente.

Na sua ausência, a vulnerabilidade emocional pode colocar em risco a saúde mental do sujeito. A solidão e o desamparo vividos podem provocar agravos psicológicos, como por exemplo, quadros de depressão e quadros de transtornos ansiosos.

Sem o suporte, acolhimento e escuta, o sujeito pode, ainda, se ver sem esperança e, muitas vezes, pode ter dificuldade para enxergar sentidos para a sua luta. Já com a presença da família, pode enxergar no amor um dos motivos pelos quais vale a pena lutar pela vida.

Embora isso não seja algo generalista, ainda assim devemos ficar atentos. Isto é, embora nem todos os pacientes sozinhos irão demonstrar problemas emocionais, o fato de sermos seres sociais pode contribuir para que essa situação ocorra na maioria das vezes.

Além disso, diversos estudos (ver referências) apontam que a ausência da família pode aumentar a vulnerabilidade emocional e os agravos psicológicos, sendo que ambos podem impactar o prognóstico e causar efeitos colaterais mais intensos nos tratamentos.

Como a família pode dar suporte ao paciente?

Até aqui pudemos compreender alguns fragmentos que nos dão a entender por que a família é tão importante na hora de enfrentar os aspectos psicológicos do paciente oncológico.

Porém, você pode estar se questionando: como é possível fazer isso? Como dar um suporte adequado ao paciente?

Embora não exista uma receita, e cada caso sempre será único, ainda assim algumas medidas tendem a contribuir na maior parte dos casos. Veja:

1. Demonstrar apoio emocional e escuta ativa
Sem dúvidas, o suporte emocional e a escuta ativa podem ser duas ferramentas bastante poderosas no dia a dia de cuidados com o paciente enfermo.
Quando damos voz à pessoa, ela pode colocar em palavras as suas angústias, fantasias, expectativas, medos, etc.
Ao ouvi-las, damos a oportunidade de que elas mesmas se ouçam, compreendendo melhor o que sentem e buscando, dentro de si, mecanismos que contribuam para uma melhor organização emocional.
Afinal, quando colocamos nossos medos, dores e angústias, em palavras, podemos nos ouvir e entender melhor o que acontece conosco, além de abrirmos caminhos para novos insights que podem mudar a nossa vida de uma maneira positiva.
Quanto à escuta ativa, é muito importante que a família permita que o paciente fale livremente, sem interromper a fala dele e oferecendo uma atenção plena nesses momentos. Todo esse acolhimento pode oferecer uma atmosfera mais tranquila durante o tratamento, pois o indivíduo pode se sentir mais acolhido e bem recebido no seio familiar.
Não se esqueça, ainda, de que a fala é terapêutica, e por isso, escutar o paciente pode ser algo bem interessante.

2. Incentivar a adesão ao tratamento
A família também pode incentivar a adesão ao tratamento, mostrando ao indivíduo a importância de seguir as recomendações dadas pelos médicos.
Ao mesmo tempo, esclarecer as dúvidas e conversar sobre os efeitos colaterais é uma forma de minimizar a “surpresa” que pode ser sentida pelo paciente quando ocorrer a perda de cabelo causada pela quimioterapia, por exemplo.
Demonstrar que a família estará ao lado do paciente, inclusive nesses momentos mais difíceis do tratamento, pode encorajá-lo a seguir adiante.

3. Incentivar o autocuidado
A prática de autocuidado pode ocasionar sensações de prazer e bem-estar, além de aumentar a qualidade de vida e promover mais saúde para o indivíduo.
Por isso, a família pode incentivar o paciente a praticar atividades que tenham relação com o seu autocuidado físico e emocional.
É o caso de incentivá-lo a estudar algo que sempre quis – sem ultrapassar seus limites pessoais -; incentivar os cuidados com a beleza, investindo em métodos que aumentam a autoestima; estimular uma alimentação saudável, ajudando-o a montar um cardápio que traga mais saúde, sem deixar de lado os prazeres alimentares; e assim por diante.
Todas essas práticas de autocuidado se baseiam na ideia de o paciente ser visto como uma prioridade em sua própria vida, e a família pode ajudá-lo a se enxergar dessa maneira.

4. Incentivar a psicoterapia
A psicoterapia pode ser bem interessante durante o tratamento do câncer. Afinal, é neste período que o paciente pode:

  • Se deparar com o medo da morte.
  • Viver a interrupção de planos e projetos de vida.
  • Sentir-se deprimido, assustado ou revoltado.
  • Viver o luto de atividades que praticava e que, agora, por conta da doença, não consegue praticar.
  • Sentir-se confuso emocionalmente.
  • Entre outras situações.

Assim sendo, a psicoterapia pode servir de base para o autoconhecimento e para medidas que contribuam para um maior e melhor equilíbrio emocional.
Durante as sessões, o paciente terá a oportunidade de falar livremente sobre o que sente, o que pensa, o que deseja, etc., e assim, poderá traçar novos planos e estratégias para a própria vida, que priorizem a sua saúde e o seu bem-estar.

5. Colaborar para a criação de um ambiente que eleva a qualidade de vida
A família pode contribuir para a criação de um ambiente mais aconchegante, confortável e que eleve a qualidade de vida do paciente.
Por exemplo, se o paciente está acamado, talvez seja interessante pensar em formas de deixar o quarto mais aconchegante, confortável, bonito visualmente e agradável para o indivíduo.
É possível cuidar da iluminação natural, temperatura, circulação do ar, roupa de cama, decoração, objetos que são importantes para o paciente, entre outras ações positivas nesse sentido.
Da mesma forma, é possível levar o sujeito para passear, oferecer a ele uma alimentação saudável, entre outras ações.
Vale ressaltar que é importante avaliar o caso de maneira singular, analisando as necessidades e limitações do indivíduo, visando oferecer-lhe um ambiente que seja realmente acolhedor e saudável.
Conversar com o médico, nesse caso, pode ser um bom caminho para pensar em estratégias que minimizem os desconfortos e elevem a qualidade de vida.

6. Incentivar os hábitos positivos
Incentivar hábitos positivos também é uma das ações que a família pode colocar em prática.
É o caso de incentivar práticas como:

  • Exercícios físicos.
  • Boa hidratação.
  • Rotina de sono.
  • Qualidade da alimentação.
  • Cuidados com a saúde mental.
  • Cuidados com a aparência e autoestima.
  • Atividades cognitivas que estimulem o bem-estar mental e a autoestima intelectual.
  • Entre outras medidas semelhantes e que contribuam para a qualidade de vida do sujeito.

Sempre lembrando de conversar com a equipe médica para saber mais sobre as limitações do paciente.

7. Suporte à autoestima do paciente
Oferecer um ambiente que agrega valor à autoestima do paciente também é relevante.
Elogios genuínos, apoio na busca de técnicas de embelezamento, apoio na busca de mudanças que agreguem valor à autoestima, apoio emocional, entre outras situações, contribuem para o aumento da autoestima.
Acolhimento, demonstração de afeto, demonstração de pertencimento, preocupação para com o paciente, e outros tipos de posturas também podem elevar a autoestima.
Portanto, colocar em prática ações nesse sentido pode ser bem interessante.

Lembre-se, ainda, que a família também pode buscar apoio psicológico para entender melhor as próprias emoções e, a partir disso, ter chances de enfrentar o caso de câncer na família com um maior equilíbrio emocional, que oferece mais qualidade de vida para todos.
Por isso, jamais descarte as recomendações de profissionais da saúde e, em caso de dúvidas, converse com um médico ou psicólogo de sua confiança.

Referências
DUTRA, T. L. et. al. A importância da assistência familiar a pacientes com câncer: um relato de experiência. Revista Interdisciplinar do Pensamento Científico. ISSN: 2446-6778Nº

SANTOS, W. M. S. et. al. O diagnóstico de câncer e o apoio interpessoal: percepção dos pacientes oncológicos. Revista Brasileira de Pesquisa em Ciências da Saúde. v. 8, n. 16 (2021).