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Hálux Valgo (Joanete)

Hálux Valgo (Joanete)

Hálux valgo

 

O Hálux Valgo, também chamado de Joanete, é uma deformidade em que o dedão (hálux) sofre um desvio em direção do segundo dedo.

Esta é a deformidade mais comum do antepé e dos dedos. 23% das pessoas de 18 a 65 anos e 35% das pessoas com mais de 65 anos têm Hálux Valgo, sendo mais comum em mulheres e com o avanço da idade (1).

 

O que causa o Hálux Valgo?


O Hálux Valgo se desenvolve na maior parte das vezes em decorrência de uma combinação de fatores genéticos/hereditários com o uso de calçados de salto alto, bico fino ou muito apertados.

60% das pessoas com joanete referem algum familiar de primeiro grau com o mesmo problema (2). Isso mostra que existe um fator hereditário responsável pelas características anatômicas do pé e que algumas pessoas são mais suscetíveis para o hálux valgo do que outras.

Pessoas que não têm tendência a desenvolver o problema podem passar a vida usando calçados inadequados que não desenvolverão a joanete. Entretanto, naquelas com maior predisposição, o calçado fará toda a diferença.

A Joanete raramente é vista em países onde as pessoas têm o hábito de andar descalço ou com sandálias confortáveis. Por outro lado, no Japão e na China, onde é considerado moda usar sapatos pequenos e estreitos, o Hálux Valgo é muito comum. 90% das pessoas com joanete são mulheres, justamente pelo hábito de usarem calçados mais apertados.

O hálux valgo projeta o peso do corpo para frente, aumentando a força de compressão entre os dedos do pé e o calçado. O bico fino favorece à compressão dos dedos, principalmente do dedão e do dedinho. A parte da frente do calçado muito justa é outro fator de risco para o aparecimento dos joanetes.

Outros fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do Hálux Halgo incluem a artrose da articulação entre a falange e o metatarso (ossos que fazem parte dos dedos e do pé) e também doenças de origem reumática, especialmente a artrite reumatóide.


Qual a evolução natural do Hálux Valgo?


À medida que a deformidade óssea aumenta, outras alterações secundárias vão aparecendo. Os tendões que se fixam no dedão perdem seu alinhamento normal com o osso e passam a tracionar o dedo ainda mais para dentro.

A força dos tendões também provoca uma torção do dedão, fazendo com que a unha passe a apontar para a frente. Os sesamoides, que são dois pequenos ossos localizados abaixo do dedão, também se deslocam de sua posição normal.

Quando o desvio do dedão aumenta, ele pode ficar encavalado sobre o segundo dedo e deformidades dos dedos menores podem aparecer. O atrito da articulação entre o hálux e o metatarso (osso do pé) aumenta e, com isso, a bursa que protege a articulação fica mais espessa e inflamada.

Por fim, o mau funcionamento da articulação pode gerar alterações degenerativas, levando a uma piora da dor. O desgaste pode limitar a mobilidade na articulação, caracterizando o que chamamos de Hálux Rígido.

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O que o paciente com Joanete sente?


As queixas relacionadas ao Hálux Valgo estão relacionadas a questões estéticas e à dor.

Queixas estéticas predominam nas fases iniciais, quando o alinhamento das outras estruturas do pé (tendões, sesamoides) ainda é considerado bom, o pé ainda não desenvolveu artrose e a bursa da articulação metatarsofalângica ainda não está espessada.

A dor aparece com a evolução do problema e pode ter diversas origens:

  • Desgaste da cartilagem na articulação metatarsofalângica;
  • Espessamento da bursa na face interna do pé;
  • Desalinhamento dos sesamoides;
  • Metatarsalgia de transferência: à medida em que a joanete aumenta, a distribuição de peso é gradativamente transferida do dedão para os dedos menores, podendo levar a uma Metatarsalgia por sobrecarga dos dedos menores.

Localização da dor no paciente com metatarsalgia

Vale aqui considerar que estas alterações não acontecem na mesma sequência em todos os pacientes e a dor pode aparecer em momentos diferentes da evolução da deformidade.

Algumas pessoas com joanete grave apresentam poucas queixas, enquanto outros apresentam dor significativa em deformidades bem menores.


Diagnóstico do Hálux Valgo


O diagnóstico do Hálux Valgo é feito com base no exame clínico do pé. A radiografia será indicada no caso de possível programação cirúrgica. Nestes casos, ela permitirá avaliar qual a melhor técnica cirúrgica.

A radiografia ajuda também a identificar eventual artrose na articulação entre o metatarso e a falange proximal, o que caracteriza o Hálux Rígido.

A baropodometria, também conhecida como Teste da Pisada, pode ser indicada principalmente para a avaliação de eventual metatarsalgia de transferência.

Exames realizados para a avaliação do hálux valgo. A imagem da esquerda é uma radiografia, na qual é possível avaliar a angulação entre os diferentes ósseos e a localização da deformidade. A imagem da direita mostra um teste de baropodometria (“teste da pisada”).


Tratamento do Hálux Valgo


O tratamento da Joanete deve ser individualizado de acordo com a idade, estilo de vida, estado geral de saúde, das características anatômicas envolvidas no desalinhamento e das queixas do paciente.

Dependendo do caso, poderá ser indicado tratamento cirúrgico ou não cirúrgico.

Tratamento não cirúrgico

Nenhuma forma de tratamento não cirúrgico da Joanete irá corrigir o desalinhamento do dedo. O objetivo é aliviar os sintomas e impedir a progressão do desvio.

A medida mais importante é trocar os calçados mais apertados, de salto alto e bico fino por outros mais baixos e com a parte da frente mais larga. Sempre que possível, caminhe descalço ou com calçados abertos.

Protetores ortopédicos ou afastadores podem ser considerados para o alívio dos sintomas. Entretanto, eles não irão corrigir nem impedir a evolução da deformidade.

Finalmente, palmilhas específicas podem ser usadas com foco em melhorar a distribuição do peso entre os dedos do pé.
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Tratamento cirúrgico do Hálux Valgo

O tratamento cirúrgico é a única forma de efetivamente corrigir a deformidade da Joanete.

A escolha da técnica depende de diferentes fatores:

  • Quais as características anatômicas observadas;
  • Possibilidade de correção manual do alinhamento;
  • Congruência da articulação entre o primeiro metatarso e a falange proximal;
  • Eventual artrose da articulação.

As técnicas cirúrgicas podem ser realizadas sobre os tecidos moles (cápsula articular e tendões), nos ossos (osteotomias e artrodeses) ou procedimentos combinados.

 

Osteotomias

As osteotomias são os procedimentos mais utilizados no tratamento do Halux Valgo.

Os ossos são cortados em diferentes níveis, a depender de onde está localizada a deformidade e da gravidade do desalinhamento. A seguir, os ossos são fixados na nova posição com pinos, parafusos ou placas.

As imagens acima demonstram diferentes técnicas de osteotomia para o tratamento do hálux valgo.

As recomendações pós-operatórias dependem de qual o procedimento realizado. Mas, como regra geral, o paciente é liberado para apoiar o pé no chão de imediato, com o uso de uma sandália específica.

O uso de calçados regulares é permitido após aproximadamente dois meses, sempre com liberação médica prévia.

O maior problema relacionado à cirurgia é a recidiva da deformidade. Grande parte destes casos acontecem quando o paciente não segue as orientações relacionadas a calçados.


Hálux Rígidus


Hálux Rígido é um termo usado para descrever a artrite degenerativa da articulação entre o hálux e o primeiro metatarso. Ela acontece habitualmente como progressão do Hálux Valgo.

O Hálux Rígido é caracterizado pela diminuição da mobilidade, dor e formação de osteófitos. Estudos mostram que 20 a 48% dos adultos com mais de 40 anos apresentam sinais radiográficos sugestivos do problema.

Existem dois procedimentos cirúrgicos comumente utilizados no tratamento do Hálux Rígidus:

Artrodese

Hálux valgo 9

 

As extremidades do primeiro metatarso e da falange proximal são cortados, os ossos são apoiados um ao outro em uma posição bem alinhada e depois são fixados um ao outro com parafusos ou placa e parafusos, de forma que eles passam a funcionar como um osso único.

A principal complicação da artrodese é a não consolidação, que acontece em aproximadamente 10% dos pacientes e pode exigir intervenções adicionais.

Além disso, é preciso considerar que o paciente estará trocando uma articulação desalinhada e dolorosa por uma bem alinhada e sem dor, porém sem movimento.

Ressecção (artroplastia de Keller)

As extremidades do primeiro metatarso e da falange proximal são cortados e então é feita a interposição de partes moles entre os dois ossos, que ficam soltos um do outro.

A principal queixa dos pacientes é a instabilidade, com a sensação de que os ossos estão soltos um do outro.

Artroplastia de Keller