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Gestação em Idade Avançada

Especificidades da Gestação em Idade Avançada

A gestação em idade avançada (geralmente definida como ≥35 anos) tem se tornado cada vez mais comum, principalmente devido ao adiamento da maternidade por motivos profissionais, educacionais ou pessoais.

O primeiro desafio para mulheres maduras que almejam a maternidade está relacionada à concepção, devido à queda na fertilidade. A reprodução assistida pode ser uma opção nesses casos.

Além disso, os riscos aumentam com o avanço da idade, tanto para a gestante como para o bebê, o que exige um cuidado obstétrico diferenciado.

Impacto da idade na infertilidade

A fertilidade feminina atinge seu pico entre 20 e 30 anos. A partir dos 32–35 anos, a reserva ovariana e a qualidade dos óvulos começam a declinar de forma mais acentuada.

Aos 40 anos, a taxa de concepção espontânea por ciclo é <5% e a chance de infertilidade é >50%. A principal causa para isso é a redução da quantidade e qualidade dos óvulos.

A infertilidade, no entanto, não deve ser vista como uma barreira intransponível, já que essas mulheres têm a sua disposição as técnicas de reprodução assistida.

A Fertilização in vitro (FIV) é a técnica mais utilizada para mulheres com idade avançada, embora as taxas de sucesso com óvulos próprios também diminuam significativamente com o avanço da idade.

Em mulheres acima de 43 a 45 anos, geralmente é recomendado o uso de óvulos doados, o que aumenta a taxa de sucesso. Outras opções de reprodução assistida incluem a inseminação intrauterina ou o congelamento de óvulos em idade mais jovem para uso futuro.

Riscos associados à gestação em idade avançada

Riscos maternos

Complicações inerentes à gestação, incluindo complicações maternas e fetais, são mais comuns com o avanço da idade.

Além disso, há uma maior preocupação com condições maternas pré-existentes que possam impactar a gestação, já que a incidência de condições como Hipertenção Arterial Crônica, diabetes e doenças cardiovasculares, entre outras, aumenta com o avanço da idade.

Mostramos na tabela abaixo a incidência de algumas das principais complicações maternofetais, de acordo com a idade materna.

Complicação <20 anos (adolescentes) 20–34 anos (referência) ≥35 anos (idade avançada)
Abortamento espontâneo ~10% ~10–15% ~25–40% (↑ progressivo com a idade)
Pré-eclâmpsia 7–10% (risco ↑ pela imaturidade vascular) 5–7% 10–12% (↑ risco com idade e comorbidades)
Diabetes gestacional 2–4% 5–7% 10–20% (associado à resistência insulínica)
Placenta prévia Raro (<1%) ~1% 2–5% (risco ↑, principalmente >40 anos)
Descolamento de placenta 0,5–1% 0,5–1% 1–2% (associado a hipertensão e idade)
Parto prematuro 10–18% (espontâneo ↑) 8–10% 10–12% (mais induzidos por complicações)
Baixo peso ao nascer (<2500g) 12–15% 7–8% 8–10%
Restrição de crescimento fetal  10–15% 5–8% 8–12%
Óbito fetal intrauterino ~5–7 por 1000 nascidos vivos ~3–4 por 1000 7–10 por 1000 (risco ↑ após 40 anos)
Aneuploidias (ex: Síndrome de Down) ~1/1000 1/700 (35 anos: 1/350) 1/100 (40 anos) – 1/30 (45 anos)

Acompanhamento obstétrico

Quando uma mulher madura está planejando engravidar, os cuidados devem ser iniciados antes mesmo da concepção.

Eventuais comorbidades devem ser investigadas e tratadas. A suplementação com ácido fólico (400–600 µg/dia) deve ser iniciada pelo menos 3 meses antes da concepção.

Além disso, essa será uma boa oportunidade para discutir a respeito da fertilidade e das técnicas de reprodução assistida.

Considerando os riscos aumentados da gestação, o pré-natal deve ter um maior número de consultas.

Cuidados relacionados à prática de atividade física na gestação e aspectos nutricionais na gestação são importantes para quaisquer gestantes, mas ainda mais importante no caso de gestação em idade avançada.