Gagueira- Abordagem Fonoaudiológica

A gagueira é um dos Transtornos de Fluência da fala, enquadrados como transtornos de comunicação. As pessoas que têm disfluência não possuem alteração na linguagem, mas na prosódia, respiração e ritmo da fala.

A fluência é o aspecto de produção da fala que se refere à continuidade, suavidade e esforço. Fluência é definida como a fala de fluxo contínuo e suave, que é decorrente de uma integração harmônica entre os processamentos neurais envolvidos na linguagem e no ato motor.

Os sintomas são repetições (sons, sílabas, palavras, frases), prolongamentos de som, blocos, interjeições e revisões, o que pode afetar a velocidade e o ritmo da fala. Elas podem ser acompanhadas por tensão física, reações negativas, comportamentos secundários e evitação de sons, palavras ou situações de fala.

A gagueira fisiológica surge antes da puberdade, geralmente entre dois e cinco anos de idade, sem dano cerebral aparente e pode ser retificado ao longo dos anos ou não e se tornar uma gagueira de desenvolvimento.

É importante fazer a distinção entre esta gagueira do desenvolvimento que pode ser transitória e a persistente, com a gagueira adquirida. Esta última, também chamada de gagueira neurogênica, ocorre após um dano cerebral bem definido, ocasionado por um derrame, uma hemorragia intracerebral ou um traumatismo craniano.

A taquilalia é a articulação mais rápida da fala, na qual a pessoa atropela as palavras e pode prejudicar a inteligibilidade da mensagem. Porém, a Taquilalia pode não comprometer a integridade do discurso.

Pode acompanhar a gagueira, a troca de letra na fala e escrita, dificuldade para encontrar palavras, dificuldades sintáticas, discurso confuso, dificuldade de leitura e escrita, desatenção, hiperatividade, impulsividade, retardo no desenvolvimento de linguagem e no desenvolvimento motor.

A disfluência é um fenômeno comum na fase em que as crianças estão estruturando sua linguagem, entre os dois e os 6 anos. Esta pode desaparecer sem qualquer tipo de intervenção.

Ela ocorre, pois há um grande desenvolvimento de fala e linguagem nesta fase, muitas ideias e pensamentos a serem narrados. Portanto, seu filho pode apresentar uma gagueira fisiológica que é normal e pode se estabelecer.

Tente que você e as pessoas da família falem mais lenta e relaxadamente quando conversar com seu filho. Não fale tão devagar de modo que sua fala parece estranha, mas mantenha-a lenta e faça várias pausas.

A fala lenta e relaxada pode ser mais eficaz quando a criança tiver um tempo do dia com a atenção de seus pais só para ela, sem ter que competir com outros.

Reserve algum tempo do dia para ouvi-la e brincar com ela. Quando seu filho falar ou perguntar algo, tente parar um segundo ou mais antes de responder. Isso vai fazer com que sua fala fique mais lenta e relaxada.

Tente não ficar desorientado (chateado ou nervoso) quando a gagueira aumentar. Seu filho está fazendo o melhor que pode para aprender muitas regras novas de linguagem (todas ao mesmo tempo). Sua atitude de aceitação e paciência vai ajudá-lo muito.

Repetições sem esforço e prolongamentos de sons são as maneiras mais saudáveis de se gaguejar. Procure estimulá- lo a não usar tensão na fala.

Se ele fica frustrado ou triste quando a gagueira está pior, dê-lhe segurança. Algumas crianças se sentem melhor quando ouvem “Eu sei que às vezes é difícil falar… mas muitas pessoas empacam em algumas palavras… não tem importância”. Algumas crianças se sentem mais confiantes ao serem tocadas ou abraçadas quando se sentem frustradas.

Como o indivíduo reconhece a sua fluência, naturalmente busca formas de compensação para conseguir completar a informação, que são:

• Uso de movimentos motores involuntários compensatórios como: tensão facial, tremores de lábios, mandíbula, piscar de olhos, etc.
• Prolongamentos de sons é bem frequente. popoposssooo entrar a a a a aqui? O som é emitido por maior tempo do que o esperado.
• Ansiedade para iniciar um discurso, devido à percepção da sua própria dificuldade para falar.
• Uso mais frequente de interjeições: “tipo assim, então, tá, né?!”
• Redução da capacidade de se comunicar de forma eficaz.

A expectativa do tratamento fonoaudiológico é boa, ela tem cura. Pacientes com esse problema conseguirão ter uma fala normal se o tratamento for iniciado assim que percebida a alteração.

O tratamento deve ser iniciado assim que percebidas as manifestações. Quanto maior a espera, menores são as chances de cura.

Se seu filho gagueja em mais de 10% da sua fala, apresenta esforço e tensão para falar, evita palavras (muda a palavra) e/ou usa vários sons para começar a falar, os bloqueios de fala são mais comuns do que as repetições e os prolongamentos, as disfluências estão presentes na maioria das situações de comunicação então ele precisa de uma avaliação fonoaudiológica.

As sugestões dadas para os pais das crianças com gagueira fisiológica apontadas neste artigo servem para as crianças com gagueira severa. Tente lembrar que lentificar e relaxar sua própria fala traz muito mais benefícios para a criança do que falar para que ele “relaxe, respire, pense, fale mais devagar”, etc.

Encoraje seu filho a falar com você sobre a própria gagueira. Mostre paciência e aceitação enquanto conversar sobre o assunto. Superar a gagueira é mais uma questão de perder o medo de gaguejar do que esforçar-se para falar melhor!