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Fraturas em Crianças

Quais as diferenças das fraturas em crianças e nos adultos?

As fraturas em crianças possuem características específicas que precisam ser levadas em consideração na escolha do tratamento:

  • A placa de crescimento ósseo é um ponto de fragilidade que favorece a ocorrência de fraturas. Em muitos casos, isso pode acontecer sem a necessidade de um trauma muito violento;
  • Quando a fratura acomete a placa de crescimento, o risco de ela comprometer o crescimento ósseo deve ser levado em consideração;
  • As fraturas em crianças tendem a ser simples (traço único de fratura) ou incompletas, devido à maior elasticidade do osso. Fraturas cominutivas, nas quais o osso se quebra em vários pedaços, são incomuns;
  • O periósteo, que é uma membrana que envolve o osso, é mais resistente e tende a ser preservado após uma fratura. Ele facilita a recolocação do osso no local original e ajuda a preservar a estabilidade da fratura, o que permite que grande parte das fraturas sejam tratadas sem cirurgia.

Tipos específicos de fraturas das crianças

Fraturas Fisárias

fratura infantil

Fraturas fisárias são aquelas que atingem a placa de crescimento (placa fisária) do osso. Por isso, o risco de comprometer o crescimento da criança deve ser levado em consideração.

A placa fisária separa duas regiões do osso:

  • Epífise: localizada entre a fise (placa de crescimento) e a articulação;
  • Metáfise: localizada entre a fise e a diáfise (parte central do osso).

A placa fisária é composta por cinco zonas:

  • Zona Germinativa: formada por células indiferenciadas, que iniciarão o processo de “diferenciação” até a formação dos osteócitos (células do osso);
  • Zona Proliferativa: caracterizada pela proliferação dos condrócitos (células da cartilagem);
  • Zona Hipertrófica: as células passam por um processo de hipertrofia;
  • Zona de Calcificação: a matriz cartilaginosa começa a ser calcificada. Os condrócitos (células cartilaginosas) morrem;
  • Zona de Ossificação: células ósseas penetram na cartilagem calcificada e a substituem por tecido ósseo mineralizado.

fratura infantil: cartilagem de crescimento

As fraturas fisárias acometem, principalmente, a zona hipertrófica, que é a área mais frágil da cartilagem de crescimento.

Eventualmente, o traço de fratura pode correr para as outras zonas. Dessa forma, as fraturas fisárias são classificadas em cinco tipos:

  • Tipo 1: corre de um lado ao outro do osso pela zona hipertrófica;
  • Tipo 2: é a fratura mais comum, sobretudo após os 10 anos de idade. A fratura inicia-se horizontalmente pela zona hipertrófica e, em seguida, sobe em direção à metáfise;
  • Tipo 3: o traço origina-se horizontalmente pela zona hipertrófica e, depois, corre para a epífise;
  • Tipo 4: traço vertical da fratura inicia na epífise, cruza a fise de crescimento e sobe para a metáfise;
  • Tipo 5: trauma axial que leva à compressão da fise. Muitas vezes, não se observa a fratura propriamente dita nos exames de imagem, mas há o risco de comprometimento do crescimento normal do osso.

fraturas infantil: tipos

Essa classificação é de extrema importância tanto para o prognóstico como para a escolha do tratamento.

As fraturas que acometem a Zona Germinativa (tipos 3, 4 e 5) apresentam potencial para interferir no crescimento ósseo. Quando isso acontece, elas podem causar deformidades ou mau alinhamentos.

Por essa razão, estas fraturas exigem o perfeito posicionamento entre os fragmentos das fraturas.

No caso das fraturas que não cruzam a zona germinativa (tipos 1 e 2) é aceitável algum grau de desalinhamento.

Como regra geral, podemos dizer que:

  • Fraturas do tipo 1 e 2 apresentam bom prognóstico com o tratamento não cirúrgico;
  • Fraturas do tipo 3 e 4 costumam ter indicação cirúrgica;
  • Fraturas do tipo 5, ainda que tratadas de forma não cirúrgica, apresentam prognóstico ruim.

Fratura em “galho verde”

fratura em crianças: fratura em galho verde

A Fratura em Galho Verde é um tipo de fratura incompleta que acomete o osso infantil. Assim, um dos lados do osso permanece íntegro.

Este tipo de fratura decorre da maior elasticidade do osso, que lembra o que acontece quando tentamos quebrar um galho ainda verde.

De forma contrária, a fratura em adultos tende a ocorrer de forma similar à quebra de um galho seco, que se parte ao meio e eventualmente em mais do que dois fragmentos.

Como regra geral, a fratura em galho verde é estável e tem bom prognóstico com o tratamento não cirúrgico.

Fratura em Tórus

fratura em crianças: fratura em tórus

A fratura em tórus se caracteriza por um osso que, ao invés de se romper, acaba por ser amassado durante um trauma.

São fraturas muito comuns, especialmente no punho. Elas são bastante estáveis e se resolvem bem com curto período de imobilização.

 

Fratura por Avulsão

fraturas em crianças: fratura por avulsão

A fratura por avulsão é aquela que acomete as partes do osso que servem de fixação para os tendões. Ela acontece quando a força de tração feita pelo tendão for suficiente para “arrancar” um fragmento do osso.

No adolescente, a cartilagem de crescimento gera uma fragilidade no osso que faz com que este se torne o ponto mais frágil do conjunto músculo-tendão-osso.

Se nos adultos as lesões nos músculos e tendões são mais comuns, nos adolescentes é mais provável que o tendão arranque um pedaço do osso, fazendo uma fratura por avulsão.

 

Tratamento das Fraturas em Crianças

A maior parte das fraturas em crianças tende a ser tratada de forma não cirúrgica. Isso ocorre por diversos motivos:

  • O periósseo, sendo mais espesso e mais elástico, permanece íntegro na maior parte das fraturas. Ele pode servir como um tutor para recuperar o alinhamento adequado dos ossos. Uma vez obtido um bom alinhamento, o periósseo também auxilia a preservar este alinhamento;
  • A maior parte das fraturas é simples ou incompleta;
  • O tempo para a fratura “colar” (consolidar) é menor;
  • Em alguns casos, pequenos desalinhamentos podem ser aceitos, pois tendem a ser corrigidos com o crescimento.

Algumas situações, porém, exigem o tratamento cirúrgico, o que deverá ser feito a partir da avaliação pelo Ortopedista Infantil.