Estenose Aórtica

A estenose da válvula aórtica, ou simplesmente estenose aórtica, é uma condição na qual a válvula que controla o fluxo sanguíneo entre o ventrículo esquerdo e a aorta está estreitada ou não se abre normalmente.

A aorta é a principal artéria do nosso corpo, responsável por transportar o sangue que sai do coração para o restante do corpo. No paciente com estenose aórtica, a resistência ao fluxo do sangue entre o coração e a aorta está aumentada, podendo levar a sérias consequências.

Algumas pessoas com estenose aórtica leve podem não apresentar sintomas por muitos anos.

O paciente passa a desenvolver sintomas quando a estenose é mais importante. As queixas mais comuns incluem:

• Sopro cardíaco observado durante a auscuta do coração.
• Dor no peito que piora com o esforço (angina).
• Tontura ou desmaio com o esforço.
• Falta de ar, especialmente durante o esforço.
• Palpitação cardíaca.

Defeito cardíaco congênito
Algumas crianças nascem com uma válvula aórtica que tem apenas duas cúspides (válvula aórtica bicúspide) em vez de três (válvula aórtica tricúspide). Raramente, uma válvula aórtica pode ter uma (unicúspide) ou quatro (quadricúspide) cúspides.
Em muitos casos, estas alterações não causam sintomas até a idade adulta. Ela começa a trazer problemas quando a válvula começa a estreitar (estenose aórtica) ou vazar (insuficiência aórtica). Nestes casos, a válvula pode precisar ser reparada ou substituída.

Calcificação da válvula aórtica
Algumas pessoas desenvolvem depósitos de cálcio sobre as válvulas cardíacas, levando à estenose. Outras válvulas, especialmente a Válvula Mitral, também pode estar acometida.
Geralmente, a calcificação da válvula aórtica não causa sintomas até próximo dos 70 ou 80 anos.

Febre reumática
A Febre reumática é uma complicação da faringite estreptocócica não tratada, uma infecção bacteriana que acomete a garganta. Ela pode levar à formação de tecido cicatricial na válvula aórtica, levando à estenose aórtica.

São considerados fatores de risco para a estenose aórtica:

• Idade avançada;
• Doença renal crônica;
• Pessoas com fatores de risco para doenças cardíacas, como diabetes, colesterol alto e pressão alta;
• Histórico de infecções cardíacas, incluindo a de febre reumática e a endocardite infeciosa;
• Histórico de radioterapia no tórax.

O diagnóstico da Estenose Aórtica deve considerar a história clínica, exame físico (incluindo a auscuta cardíaca) e exames específicos.

Nos pacientes assintomáticos, o cardiologista pode suspeitar da possibilidade de uma Estenose Aórtica ao observar um sopro cardíaco, que indica a presença de sangue vazando através da válvula.

Entre os exames usados para confirmar o diagnóstico da Estenose Aórtica, incluem-se:

Ecocardiograma
O Ecocardiograma é um tipo de ultrassom feito no coração, que permite avaliar
a estrutura da válvula aórtica e o fluxo sanguíneo no coração.
Normalmente, o exame é feito através da pele, sendo também chamado de Ecocardiograma Transtorácico.
Para uma melhor visualização da válvula Aórtica, o cardiologista poderá solicitar o Ecocardiograma Transesofágico, no qual um pequeno transdutor ligado à extremidade de um tubo é inserido através da boca até o esôfago.

Eletrocardiograma (ECG)
O eletrocardiograma é um exame usado para avaliar a atividade elétrica do coração.
O exame é solicitado com o objetivo de detectar eventuais arritmias cardíacas que podem acontecer em decorrência da Estenose Aórtica.

Radiografia do tórax
A radiografia de tórax pode ajudar a avaliar um eventual acúmulo de líquidos nos pulmões.

Ressonância Magnética
A ressonância magnética é um exame capaz de criar imagens detalhadas da estrutura do coração.
Ela pode ajudar na avaliação da estrutura da válvula aórtica e pode também ajudar na avaliação do tamanho e função do ventrículo esquerdo.

Teste de esforço
O Teste de esforço, também chamado de Teste Ergométrico, é um exame no qual o funcionamento do coração é monitorado durante um esforço físico, feito geralmente em uma esteira ou bicicleta ergométrica.
Durante o esforço físico, a maior demanda por oxigênio faz com que o coração tenha que bater mais rápido e mais forte, podendo mostrar alterações que não são vistas durante um exame em repouso.

Cateterismo cardíaco
O cateterismo Cardíaco é um exame invasivo e que normalmente não é necessário para o diagnóstico da Estenose aórtica.
Entretanto, ele pode ser considerado quando outros exames não forem suficientes para se fechar o diagnóstico.
Neste exame, um cateter é introduzido através de um vaso sanguíneo no braço ou na virilha e direcionado até uma artéria no coração, A seguir, um corante é injetado através do cateter, fazendo com que as artérias nas câmaras do coração apareçam mais claramente em uma radiografia.

Pacientes com estenose leve a moderada e sem sintomas pode não precisar de tratamento imediato, além de um acompanhamento médico regular.

Quando necessário, o tratamento pode envolver medicação, reparo da válvula aórtica ou cirurgia de substituição.

Tratamento medicamentoso

Medicamentos podem ser necessários tanto para a melhora dos sintomas como para prevenir complicações da estenose Aórtica.

Entre eles, podem ser considerados:

Anticoagulantes
medicamento usado para prevenir a formação de coágulos, sendo indicados especialmente no paciente com Fibrilação Atrial decorrente da doença da válvula cardíaca.

Diuréticos
medicamentos usados para aumentar a eliminação renal de líquidos e evitar o acúmulo de líquidos nos pulmões ou em outras partes do corpo.

Betabloqueadores
Medicamentos usados para diminuir a frequência cardíaca.

Medicamentos antiarrítmicos
Usados para tratar a fibrilação atrial ou outros ritmos cardíacos irregulares.

Tratamento Cirúrgico

O tratamento para a estenose da válvula aórtica pode incluir medicação ou reparo da válvula Aórtica ou cirurgia de substituição.
Uma válvula doente ou danificada pode eventualmente precisar ser reparada ou substituída, mesmo na ausência de sintomas.
Cirurgias e procedimentos para estenose da válvula aórtica podem incluir:

Valvoplastia por balão
A valvoplastia por balão é um procedimento minimamente invasivo no qual um cateter com um balão em sua extremidade é introduzido através da virilha e guiado até o coração.
Chegando na válvula aórtica, o cateter é inflado, alargando a abertura da válvula. A seguir, o balão é desinflado e removido junto com o cateter.

Reparo aberto da válvula aórtica
Se um procedimento de cateter não for uma opção, uma cirurgia cardíaca aberta poderá ser considerada.
O procedimento permite a remoção de depósitos de cálcio e outros tecidos cicatriciais que bloqueiam a abertura da válvula aórtica.
A cirurgia é feita através de uma incisão no tórax, com o sangue sendo colocado em circulação através de uma máquina coração-pulmão, permitindo que o Cirurgião cardíaco trabalhe com o coração sem sangue.

Substituição da válvula aórtica
Quando o reparo não for possível, a substituição da válvula pode ser indicada.
Neste caso, a válvula doente é removida e substituída por uma valva mecânica ou biológica.
A válvula biológica pode ser retirada do coração de vaca, porco ou de cadáver humano.
Pacientes que utilizam a válvula mecânica precisam tomar medicamentos anticoagulantes para o resto da vida, para evitar a formação de coágulos.
Por outro lado, a válvula de origem biológica pode se desgastar com o tempo e precisar novamente ser substituída.