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Doença de Legg-Calvé-Perthes

O que é a Doença de Legg-Calvé-Perthes?

A doença de Legg-Calvé-Perthes, ou simplesmente Doença de Perthes, é uma doença do quadril caracterizada pela necrose da cabeça do fêmur.

O paciente apresenta uma deficiência no suprimento sanguíneo para a cabeça do fêmur, de causa desconhecida. Sem sangue, as células ósseas morrem e o osso vem a necrosar.

Quem é mais afetado pela Doença de Legg-Calvé-Perthes?

A Doença de Perthes é mais comum nos meninos do que nas meninas.

Na maior parte das vezes, apenas um dos quadris é afetado.

Ela geralmente acomete crianças entre 4 e 10 anos de idade, sendo cinco vezes mais comum em meninos do que em meninas (1). No entanto, os danos costumam ser mais extensos nas meninas.

A doença acomete ambos os quadris em 10% a 15% dos casos (2).

Quais as fases da Doença de Perthes?

A doença de Legg-Calvé-Perthes se desenvolve em quatro fases:

Inicial / necrose

O suprimento de sangue para a cabeça femoral é interrompido e as células ósseas morrem.

O quadril fica intensamente inflamado e irritado. A criança pode começar a mancar ou andar diferente. Esta fase inicial pode durar vários meses.

Fragmentação

Durante um período de 1 a 2 anos, o osso morto sob a cartilagem articular é absorvido e substituído por um osso mais mole. Esta é uma fase de alto risco para que a cabeça do fêmur entre em colapso.

Reossificação

Um osso novo e mais forte volta a se formar na cabeça do fêmur. Esta é muitas vezes a fase mais longa da doença e pode durar alguns anos.

Cura

A formação óssea está completa e a cabeça femoral atingiu sua forma que permanecerá ao longo da vida.

Doença de Legg-Calvé-Perthes

Sintomas da Doença de Legg-Calvé-Perthes

Os principais sintomas da Doença de Legg-Calvé-Perthes incluem:

  • Rigidez e redução da mobilidade do quadril;
  • Dor no joelho, coxa ou virilha ao colocar o peso na perna afetada ou ao mover a articulação do quadril;
  • Atrofia dos músculos da coxa na perna afetada;
  • Piora da dor e claudicação com o passar do tempo.

Qual a evolução esperada da Doença de Perthes?

Na maioria dos casos, o suprimento de sangue para a articulação do quadril retorna e a cabeça do fêmur se recupera sozinha.

Por outro lado, o apoio do peso corporal sobre um osso amolecimento tende a colapsar a cabeça do fêmur.

Ao final do ciclo da doença, o principal fator prognóstico da doença é a esfericidade da cabeça do fêmur e a congruência da articulação.

Os principais fatores determinantes para este resultado final são:

  • Idade: crianças mais novas (especialmente aquelas com 6 anos ou menos) têm um maior potencial para formar um osso novo e saudável (3);
  • Extensão da lesão: quando mais de 50% da cabeça femoral é afetada por necrose, o potencial de reossificação sem deformidade é menor (4).

Quando a cabeça do fêmur apresenta-se deformada, porém congruente, o paciente pode ter uma vida normal e assintomática por longa data. Entretanto, há um risco de desgaste mais precoce da articulação.

Quando a cabeça do fêmur encontra-se deformada e incongruente em relação ao acetábulo, o paciente evolui com dor e desgaste precoce da articulação.

Diagnóstico

O diagnóstico deve ser considerado na criança entre quatro e dez anos com queixas e exame físico compatíveis com a doença.

Os principais exames para a confirmação diagnóstica são a radiografia e a Ressonância Magnética.

Radiografia

A radiografia inicial costuma ser normal. Pode levar até dois meses após o início dos sintomas para que as alterações associadas à doença de Legg-Calve-Perthes se tornem evidentes nas radiografias.

Ressonância Magnética

A Ressonância Magnética é indicada especialmente nas fases iniciais da doença, quando a radiografia ainda encontra-se normal.

Uma vez que as radiografias mostrem sinais claros da doença, a ressonância não mais se faz necessária.

Tratamento não cirúrgico

Observação

Crianças muito pequenas, entre 3 e 6 anos, que apresentam poucas alterações na cabeça femoral em suas radiografias iniciais, podem ser apenas acompanhadas. Radiografias devem ser feitas a intervalos regulares para monitorar a evolução da doença.

Medicamentos anti-inflamatórios

Medicamentos anti-inflamatórios podem ser usados ​​para reduzir a inflamação e a dor.

Limitação da atividade

O paciente deve ser afastado de atividades de alto impacto, como correr e pular. Muletas ou andador podem ser considerados em alguns casos.

Fisioterapia

A mobilidade do quadril tende a ser comprometida pela Doença de Legg-Calvé-Perthes.

A fisioterapia tem como principal objetivo a manutenção da mobilidade da articulação, especialmente em relação à abdução e à rotação interna.

Órtese

Um gesso ou órtese pode ser usado para manter a cabeça do fêmur em sua posição normal dentro do acetábulo. Isso é indicado quando a amplitude de movimento se torna limitada ou quando as radiografias ou outros exames de imagem indicarem que uma deformidade está se desenvolvendo.

O imobilizador é formado por dois moldes de pernas longas comunicadas por meio de uma barra. Assim, as pernas são mantidas afastadas em uma posição semelhante à letra “A”.

Tratamento cirúrgico

O procedimento cirúrgico mais comum para o tratamento da doença de Perthes é uma osteotomia.

Nesse procedimento, o fêmur é cortado e reposicionado para manter a cabeça femoral centralizada dentro do acetábulo.

Ela é habitualmente indicada nas seguintes condições:

  • Mais de 50% da cabeça femoral está danificada;
  • Idade acima de 8 anos no momento do diagnóstico.