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O que é a dieta Low FODMAP?

A dieta Low FODMAP foi desenvolvida em 2010 na Universidade de Monash, em Melbourne, Austrália, como parte do tratamento de indivíduos com Síndrome do Intestino Irritável.

Ela visa o consumo de alimentos com menor potencial fermentativo. O termo FODMAP se refere às iniciais em inglês de Oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e poliois fermentáveis (Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides, and polyois).

O que é a fermentação de carboidratos?

Quando comemos um carboidrato, ele sofre a ação de enzimas digestivas no estômago, onde são quebrados em moléculas menores de açúcar. A seguir, estas moléculas são absorvidas no intestino.

Cada tipo de carboidrato sofre a ação de enzimas específicas e nem todos eles são adequadamente digeridos no estômago e no intestino delgado.

Quando o carboidrato passa ainda inteiro pelo intestino delgado e chega ao intestino grosso, ele pode sofrer a ação das bactérias presentes na flora intestinal em um processo digestivo denominado de fermentação.

A fermentação envolve a quebra de carboidratos por bactérias sob condições anaeróbicas. Os carboidratos que sofrem fermentação podem ser classificados em três grupos principais:

  • Amidos resistentes: certos tipos de amido são resistentes à ação da amilase. Estima-se que estes amidos fermentativos correspondam a aproximadamente 10% da alimentação na dieta ocidental;
  • Fibras: Fibras Alimentares são carboidratos polissacarídeos que não são digeridos pelas enzimas do trato digestivo humano. Vale considerar que algumas fibras também não são fermentadas pelas bactérias e são eliminadas inteiras nas fezes;
  • Açúcares e oligossacarídeos: Na maior parte das pessoas, apenas uma pequena quantidade de açúcares e oligossacarídeos são fermentadas no intestino grosso. Algumas pessoas, porém, têm uma maior dificuldade com a digestão de parte destas substâncias, aumentando o seu potencial fermentativo.

Quais os efeitos da fermentação?

A fermentação é um processo normal que acontece no intestino de qualquer indivíduo. Ela é fundamental para manter a flora intestinal com bactérias consideradas boas para o organismo. Estas bactérias impedem o crescimento de outras bactérias com potencial para causar doenças.

Os alimentos prebióticos são muitas vezes utilizados para o tratamento de certos problemas intestinais. Eles visam justamente oferecer substrato adequado para “alimentar” as bactérias do intestino grosso.

Por outro lado, ela tem como um dos seus produtos finais a produção de gases, que pode ser uma fonte de desconforto e flatulência. Além disso, ela leva a um acúmulo de líquidos no intestino, que é outra fonte de desconforto.

Pessoas com dificuldade para a digestão de carboidratos ou com desregulação da flora intestinal podem ter um excesso de fermentação, o que aumenta o desconforto. Além disso, a velocidade com que ocorre a fermentação também faz diferença:

  • Fibras e amidos resistentes são fermentados mais lentamente e tendem a provocar menos desconforto;
  • Açúcares e oligossacarídeos são digeridos mais rapidamente e causam mais desconforto.

Quais são os alimentos FODMAP?

FODMAPs se refere a um grupo de carboidratos comumente mal absorvidos, incluindo alguns açúcares (especialmente a lactose e frutose), álcoois de açúcar (sorbitol e manitol) e algumas fibras (oligossacarídeos).

Os FODMAPs, por natureza, são carboidratos de tamanho pequeno e que são consumidos rapidamente pelos micróbios intestinais. Eles podem ser considerados como um “fast food” para estas bactérias.

Existem duas fibras prebióticas primárias classificadas como oligossacarídeos e que, portanto são consideradas FODMAP:

  • Frutanos (encontrado no alho, cebola, trigo);
  • Galacto-oligossacarídeos (encontrados em legumes).

Outros tipos de fibra que não sofrem a ação fermentativa ou que apresentam cadeias mais longas e  digestão mais lenta não são consideradas FODMAP.

Vale aqui a consideração de que Fibras Alimentares de fermentação lenta não são consideradas FODMAPs e não devem ser restritas, de forma a aproveitar os potenciais benefícios destes alimentos.

Lista de alimentos low FODMAP

  • Legumes: pimentão, cenoura, vagem, pepino, alface, tomate, abobrinha, beringela, azeitona, batatas;
  • Frutas frescas: Laranja, uva, melão, banana, amora, kiwi, limão, laranja, morango;
  • Grãos: Arroz, aveia, quinoa, farinha de milho, pão e macarrão sem glúten;
  • Laticíneos sem lactose
  • Leites não lácteos: Leite de amêndoa, leite de arroz, leite de côco;
  • Nozes e sementes: amêndoa, macadâmia, amendoim, nozes, sementes de abóbora.

Lista de alimentos ricos em FODMAP:

  • Vegetais: cebola, alho, repolho, brócolis, couve-flor, ervilhas, alcachofra, beterraba, cogumelos;
  • Frutas: pêssego, damasco, nectarina, ameixa, manga, maçã, pera, melancia, cereja;
  • Frutas secas;
  • suco de frutas concentrado;
  • Feijão e lentilhas;
  • Trigo e centeio: pão, cereais, massas, biscoitos, pizza;
  • Produtos lácteos com lactose;
  • Nozes: castanha de caju, pistache;
  • Adoçantes e adoçantes artificiais: xarope de milho rico em frutose, mel, sorbitol, xilitol, manitol, Isomaltulose (comumente encontrado em gomas de mascar sem açúcar e balas, e até em xaropes para tosse);
  • Bebidas: álcool, bebidas esportivas, água de côco.

Como é a Dieta Low FODMAP?

A dieta Low FODMAP foi desenvolvida com o objetivo de reduzir sintomas como diarreia, flatulência, dor e desconforto abdominal em pacientes com a Síndrome do Intestino Irritável.

Esta é uma dieta restritiva que busca diminuir o consumo de alimentos de rápida fermentação (alimentos com FODMAP alto).
A dieta low FODMAP é dividida em duas etapas:

Fase 1:

A primeira fase da Dieta low FODMAP envolve uma restrição rigorosa de todos os alimentos ricos em FODMAP por 4-6 semanas. Uma vez que o paciente observe a melhora dos sintomas, ele passa para a segunda fase.

Fase 2:

Na segunda fase, os alimentos que foram restringidos na primeira fase são reintroduzidos gradativamente, ao mesmo tempo em que se observa a resposta do indivíduo em relação às queixas gastrointestinais.

O objetivo é determinar qual o nível de FODMAP tolerado, de forma que a dieta se torne bem tolerável, mas sem ser excessivamente restritiva e sem que se deixe de ter os efeitos prebióticos destes alimentos. Esta não é uma dieta em que “quanto mais restritiva, melhor”.

Isso se justifica porque as enzimas e a flora intestinal de cada pessoa é única. Assim, não necessariamente uma pessoa com Síndrome do Intestino Irritável ou outros problemas intestinais funcionais terá problema com todos os alimentos considerados FODMAP. Os tipos e a quantidade de cada alimento a ser restringido, desta forma, varia de pessoa para pessoa.

Para quem é indicada a Dieta Low FODMAP?

A Dieta Low FODMAP foi desenvolvida para o tratamento de pessoas com a Síndrome do Intestino Irritável, tendo sido indicada também para atletas que costumam desenvolver desconforto abdominal associado ao exercício.

Estudos mostram que a adoção da Dieta Low FODMAP nestes casos pode melhorar a dor de estômago em 81% dos pacientes e melhorar o inchaço em 75% deles (1), além de ajudar a controlar flatulência, diarreia e constipação.

Para pessoas sem queixas gastrointestinais, este tipo de dieta não faz sentido e pode ser até prejudicial, considerando a importância dos alimentos FODMAP para a manutenção da flora intestinal.

Devemos considerar que existem outros problemas que podem causar desconforto abdominal e má digestão além da fermentação dos carboidratos. Neste caso, os sintomas não serão aliviados com a dieta Low FODMAP e uma investigação médica mais aprofundada se faz necessária.