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Medicamentos para Condromalácia

Medicamentos para a cartilagem do joelho


Diversas medicações foram colocadas no mercado com a “promessa” de recuperar lesões da cartilagem articular ou, ao menos, de interromper a progressão destas lesões.

Infelizmente, nenhum medicamento disponível comprovou-se eficaz neste sentido.

O objetivo principal do tratamento medicamentoso, desta forma, vai mais no sentido de melhora da dor do que de a melhora das lesões.

As três classes mais utilizadas para isso são a glicosamina com ou sem a associação de condroitina, os colágenos e o ácido hialurônico.

Glicosamina e condroitina


A glicosamina é um açúcar produzido naturalmente pelo organismo e um dos principais componentes da cartilagem articular.

Com o passar dos anos, sua produção diminui e acredita-se que esta redução contribua para o desenvolvimento do desgaste da cartilagem nas articulações, incluindo a patela.

Por muito tempo a glicosamina foi vendida com o rótulo de “condroprotetor”, com a ideia de que ajudaria a evitar a progressão do desgaste ou até mesmo de que poderia recuperar a cartilagem já lesionada.

Infelizmente, os estudos mais relevantes sobre o uso da glicosamina, isoladamente ou em associação com a condroitina, não foram capazes de demonstrar qualquer benefício no sentido de recuperação do desgaste e nem mesmo de evitar a progressão do problema.

Isso não significa que a glicosamina não sirva para nada. Estudos mostram que a substância pode ser uma alternativa para o alívio da dor, especialmente quando combinada com a condroitina.

Este efeito não é uniforme para todos os pacientes e é melhor quando ele apresenta comprometimento moderado da cartilagem – a resposta tende a ser pior no desgaste leve e também nos quadros de artrose mais avançada da patela.

Pacientes mais jovens também respondem melhor ao tratamento quando comparado aos de idade mais avançada.

A glicosamina deve ser vista sempre como um tratamento adjuvante para a condromalácia patelar e sempre acompanhada de um trabalho de fisioterapia. Ela tende a ser muito pouco efetiva como modalidade isolada de tratamento.

Uma vez decidido pelo uso, é preciso tomar os suplementos por quatro a seis semanas antes de notar qualquer melhora.

Se não houver alteração nos sintomas até então, é provável que estes suplementos não sejam benéficos para você e é aconselhável que converse com seu médico sobre outras maneiras de gerenciar sua doença.

Por fim, é preciso considerar que a glicosamina já foi o medicamento mais utilizado para o tratamento da condromalácia, mas hoje possui indicação bastante limitada.

Isso porque outras opções de tratamento foram colocadas no mercado e têm mostrado resultados superiores no tratamento, incluindo os colágenos e as infiltrações com ácido hialurônico.

Colágenos


O colágeno é a proteína mais abundante do corpo humano. Existem ao todo 16 tipos de colágenos, mas a maior parte é do tipo I, II ou III.

Os tipos I e III são encontrados na pele, tendões, órgãos e ossos. O colágeno tipo II é predominante na cartilagem articular.

A substância é formada por aminoácidos, que são os blocos de construção das proteínas. Todos os tipos de colágeno são constituídos por uma combinação dos mesmos 18 tipos de aminoácidos, incluindo oito dos nove aminoácidos essenciais.

Os colágenos podem ser divididos em dois grandes grupos: os hidrolisados e os não hidrolisados.

Os peptídeos de colágeno, ou hidrolisados de colágeno, são cadeias curtas de aminoácidos produzidos a partir da quebra da molécula de colágeno.

São encontrados na forma de proteína em pó. Por serem “pré-digeridos”, são mais facilmente absorvíveis, tornando-os disponíveis para os tecidos. Mais do que isso, eles aumentam a disponibilidade de aminoácidos específicos.

Já o colágeno não desnaturado tipo II (UC-II®) é uma forma patenteada de colágeno produzido a partir da cartilagem do esterno de frango.

Não se destina a ser usado pelo corpo como um reconstrutor de colágeno: o processo de digestão do colágeno “in natura” é bem mais complicado e sua absorção, no final, bem mais limitada. O mecanismo principal de ação do UC-II ocorre por um processo denominado de tolerância oral.

Pacientes com artrose do joelho ou condromalácia patelar sofrem com um processo “auto-imune” de destruição do colágeno. Desta forma, a ingestão de pequenas doses de UC-II visa reduzir a resposta inflamatória e a destruição do colágeno tipo II na cartilagem.

Tanto o colágeno hidrolisado como o colágeno não desnaturado têm espaço no tratamento da artrose do joelho, das lesões da cartilagem articular ou da condromalácia.

São, porém, suplementos com estratégias diferentes e com diferentes mecanismos de ação. Ainda que seus benefícios possam compartilhar algumas semelhanças, podem ser considerados dois suplementos diferentes.

Diferentes pessoas podem ter uma melhor resposta com um ou outro tipo, mas, como regra geral, o colágeno não hidrolisado tende a ter melhor resposta em pacientes com quadro inflamatório e autoimune associado.

Os resultados de pesquisa tanto em um caso como no outro são bastante variados, com estudos demonstrando boa eficácia e outros sem demonstrarem diferenças em relação ao uso de placebo.

Ainda assim, na melhor das hipóteses são medicamentos que ajudam na redução da resposta inflamatória e melhora da dor, já que nenhum estudo de qualidade demonstrou qualquer benefício no sentido de proteção ou reparo da cartilagem articular.

Da mesma forma que discutido em relação à glicosamina e a condroitina, a resposta ao colágeno não é uniforme e algumas pessoas responderão melhor do que outras.

Ainda assim, como regra gera, o colágeno apresenta maior eficácia em relação à glicosamina e tende a ser a primeira opção de tratamento medicamentoso via oral para o tratamento da condromalácia.

Ácido hialurônico


O ácido hialurônico é o principal componente do líquido sinovial presente normalmente dentro do joelho.

O líquido sinovial tem a função de lubrificar as articulações, permitindo seu movimento suave e indolor, além de contribuir para a nutrição das células da cartilagem.

Pacientes com lesões na cartilagem da patela produzem o líquido sinovial com menor concentração de ácido hialurônico, o que prejudica suas propriedades viscoelásticas. Estes pacientes podem se beneficiar da infiltração do joelho com ácido hialurônico, procedimento também chamado de viscossuplementação.

Entre os potenciais benefícios da viscossuplementação podemos citar os seguintes:

  • Lubrificante: possui capacidade de retenção de água, protegendo as articulações contra pressões e impacto;
  • Anti-inflamatório: reduz a ativação de células inflamatórias e leva à melhora da inflamação e da dor;
  • Condroprotetor (proteção da cartilagem articular): decorrente da inibição da ação de enzimas que degradam a cartilagem;
  • Nutritivo: regula a troca de nutrientes entre o líquido sinovial e as células da cartilagem (condrócitos);
  • Estimulante da produção natural do ácido hialurônico: faz a membrana sinovial produzir naturalmente a substância.

Infiltração no joelho com corticoide


As medicações corticoesteroides apresentam um potente efeito anti-inflamatório.

Elas são indicadas em casos de artrose avançada e com significativo processo inflamatório, em que os pacientes costumam apresentar um aumento do volume e edema ao redor do joelho, além de dor mais intensa durante a noite (muitas vezes acordando no meio da noite), após período prolongado de repouso.