Condromalácia Patelar em bailarinas
A Condromalácia Patelar é uma das principais causas de dores entre bailarinas, devido aos saltos frequentes e ao uso das pernas em rotação externa (em dehors) na maior parte dos exercícios. A incidência da Condromalácia Patelar é ainda maior entre as bailarinas que dançam na ponta.
O en dehors muda o alinhamento entre a musculatura do quadríceps, patela e tendão patelar, podendo alterar o eixo de deslizamento entre a patela e a tróclea e aumentando a sobrecarga sobre a patela.
Para piorar, muitas bailarinas, incapazes de manter um en dehors de 180º apenas no quadril, tentam ganhar um pouco mais de rotação no joelho. Além de comprometer a técnica dos exercícios, isso levará a uma lateralização do tendão da patela e a uma maior sobrecarga na articulação.
A imagem (A) mostra o Em Dehors com uma boa técnica, respeitando o limite de rotação do quadril. A imagem (B) mostra um endehors forçando o pé para se atingir os 90º de rotação. Além de prejudicar a técnica e a execução dos exercícios, isso pode ser a origem de dores e lesões, como a Condromalácia Patelar.
Os exercícios de ponta levam a um menor amortecimento dos saltos. A bailarina precisa estar fisicamente preparada para realizar os exercícios, caso contrário a coluna e o joelho tendem a sofrer.
Além disso, a bailarina precisa manter um perfeito alinhamento entre o tornozelo, joelho, quadril e tronco. O esforço muscular deve ser mínimo para isso. Quando este alinhamento não for obtido, a patela será sobrecarregada e a bailarina passa a desenvolver a condromalácia. Isso acontece por conta de uma limitação técnica ou de uma limitação física, como uma mobilidade insuficiente do tornozelo. O uso de uma sapatilha de ponta adequada também é fundamental.
A bailarina para dançar na ponta precisa ter um equilíbrio perfeito, onde a posição é mantida com o mínimo de esforço muscular. Quando este equilíbrio não é obtido, a bailarina fica mais vulnerável para a condromalácia.
Segundo George Balanchine, um dos maiores coreógrafos do ballet, “não adianta subir na ponta se, quando estiver lá, não for capaz de realizar os movimentos”. Os exercícios de ponta, desta forma, não devem ser o objetivo final da bailarina, e sim o meio a partir do qual serão realizados os mais diversos movimentos.