Como ter um relacionamento saudável?
Muita gente busca saber como ter um relacionamento saudável para, a partir disso, construir uma história a dois que seja mais agradável.
No entanto, antes de “mergulharmos” nas possibilidades de construirmos uma boa relação, devemos ter em mente que as interações humanas são subjetivas e únicas.
Isso significa que o que você constrói com a pessoa que está ao seu lado jamais será construído com outro indivíduo. Significa também que cada relação terá as suas características, os seus “pontos fortes” e “pontos fracos”.
Logo, não existe um único modo de ter um relacionamento saudável, como uma receita. O que existe, na verdade, são ações e atitudes que podem contribuir para isso.
E ainda, não se esqueça de que o papel da psicoterapia de casal também é importante frente a alguns tipos de conflitos.
Esclarecido esses pontos, vamos juntos pensar em possibilidades de construir uma história a dois que seja mais positiva e frutífera? Acompanhe-nos.
Pontos que devem ser considerados
Quando pensamos em ter um relacionamento saudável, devemos partir de uma premissa primordial: respeito.
Isto é, apesar de listarmos, a seguir, uma série de fatores e pontos que podem contribuir para a construção de um relacionamento satisfatório, ainda assim devemos ter em mente que a base para todas as ações dentro da relação deve ser o respeito.
Sem respeito, podemos Magoar, ferir, causar mal, etc. Com respeito, podemos construir uma maior consciência do que “pode” ou “não pode” ser feito dentro de um relacionamento.
Dito de outro modo, temos a consciência do que não iria prejudicar o outro e nem a nós mesmos.
Logo, o respeito deve ter relação com a pessoa que está ao nosso lado, dedicando-se ao relacionamento, e com nós mesmos.
Assim, poderemos colocar em prática outras ações positivas, com maiores chances de sucesso. Veja a seguir:
1. Idealização do outro
Quando “embarcamos” em um novo relacionamento, tudo ainda está muito “à flor da pele”, podemos dizer. As sensações provocadas pela paixão podem causar reações no corpo, nas emoções, etc.
Dentro desse cenário, podemos começar a enxergar o outro como uma pessoa “perfeita”. Primeiro porque estamos apaixonados, e isso é comum. Segundo porque, na fase da conquista, a pessoa pode demonstrar posturas positivas para conseguir “cativar” o outro. Isto é, costumamos enxergar o outro como uma pessoa perfeita pois, possivelmente, ela está agindo para ser vista como tal – e não porque é manipuladora, mas sim, porque isso é normal na fase da conquista.
Contudo, é muito importante sabermos que existe a fase da idealização do outro. Caso contrário, podemos nos prender na fantasia que construímos da outra pessoa e, ao morar junto, por exemplo, podemos nos frustrar e perder o “encanto”, digamos assim.
Claro que estamos usando palavras do senso comum, apenas para trazer à luz o quanto essa idealização é presente e a falta do reconhecimento dela pode, em alguns casos, resultar em frustrações.
Por isso, tenham consciência de que aquela pessoa “perfeita”, conhecida no início do relacionamento, não existe. Ela é apenas uma parte de uma outra metade da pessoa que tem defeitos.
Isso não quer dizer que o relacionamento não vai dar certo. Isso quer dizer que devemos ter consciência disso para não criarmos expectativas irreais.
2. Empatia e escuta ativa
Saber escutar o outro é uma peça-chave dentro de um relacionamento. Sem uma escuta qualificada, podemos entrar sempre no modo defensivo durante os conflitos, bem como podemos ignorar o que o outro deseja, por exemplo.
Além disso, a empatia também tem uma atuação importante na hora de ter um relacionamento saudável. Isso decorre do fato de que ela nos ajuda a pensar no que vamos fazer ou falar para o outro, imaginando-se como nós poderíamos reagir se acontecesse algo semelhante conosco.
Unindo esses dois pontos, nós podemos:
- Entender as necessidades do outro.
- Colocar-se no lugar do outro frente a essas necessidades, pensando de quais maneiras nós podemos agir com respeito.
3. O papel da comunicação
Entender o papel da comunicação clara, respeitosa e não-violenta também é importante.
Sem comunicação no relacionamento, torna-se, praticamente, inviável mediar conflitos, ou compreender melhor as necessidades do outro e conseguir demonstrar o que você quer ou não quer na relação.
Porém, infelizmente muitas pessoas ainda têm dificuldades para se comunicar com clareza. Por isso, inclusive, temos um conteúdo completo, aqui no nosso site, sobre comunicação no relacionamento. Vale a pena ler para saber mais sobre as formas de construir uma comunicação clara com o outro.
Assim, torna-se possível:
- Falar do que incomoda.
- Falar sobre o que agrada.
- Conversar sobre as emoções e ouvir as emoções do outro.
- Deixar claro os objetivos do casal para o longo prazo.
- Lidar com conflitos e discordâncias.
- Resolver problemas externos, como questões financeiras, por exemplo.
- Construir mais harmonia e proximidade dentro da relação.
- Diminuir os mal entendidos.
- Entre outros pontos.
Confira o conteúdo completo, acessando o link acima, e saiba mais sobre o assunto.
4. Autorresponsabilidade
A autorresponsabilidade também tem o seu papel dentro de um relacionamento saudável. Sem ela, podemos cair no equívoco de jogar a culpa de todos os problemas na outra pessoa.
Por exemplo, vamos imaginar uma situação na qual a outra pessoa age de uma forma que nos desagrada, durante dias ou semanas seguidas. Porém, nós apenas nos calamos, fazendo joguinhos para o outro “adivinhar” que estamos incomodados.
Como o outro não percebe, continua com o comportamento que nos desagrada. Em um momento de conflito, tudo isso vem à tona. Passamos a brigar porque a outra pessoa fez isso e aquilo repetidas vezes.
No entanto, a outra pessoa pode, simplesmente, sentir-se perdida diante da briga, afinal, nunca foi comunicada acerca do incômodo que tal comportamento provocava.
Nesse cenário, podemos compreender o poder da autorresponsabilidade. Pois, como diria Freud: “Qual sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?”.
Pensar sobre isso é relevante, pois, no caso do nosso exemplo, se nós comunicássemos o que nos incomodava, poderíamos ter resolvido o problema antes que ele “evoluísse”.
Essa autorresponsabilidade também aparece diante dos erros que cometemos dentro do relacionamento. Antes de culpar o outro, é importante olhar para si e admitir o que foi cometido. Essa postura pode fazer a diferença nas relações.
5. Cultivem relacionamentos sociais
Nós somos seres sociais. Isso está comprovado. Sendo assim, precisamos dos outros seres humanos para nos sentirmos mais importantes e “partes” de algo maior.
Sendo assim, devemos cultivar relacionamentos sociais para mantermos a autoestima, expandirmos a mente, vivermos experiências diferentes, e assim por diante.
Caso nos isolemos, atuando na vida apenas em prol da relação, podemos criar um ciclo de dependência emocional, que pode colocar em risco o relacionamento e a saúde mental de ambos os envolvidos.
6. Sinceridade faz a diferença
A mentira pode ser extremamente prejudicial dentro de um relacionamento. Embora ela possa parecer inofensiva em algumas situações, a verdade é que quando ela vir à tona o outro poderá perder a confiança. E um relacionamento sem confiança é um relacionamento fragilizado.
Portanto, lembre-se de que mais vale ser sincero e esclarecer as situações com base na verdade, do que contar mentiras “fáceis” apenas para “poupar o outro”. Pois embora possamos poupar o outro nesse momento, mais tarde, quando a verdade surgir, poderemos fragilizar a relação.
Lembre-se de que todos cometem erros. Admiti-los, aprender com eles e pedir perdão são gestos genuínos. Já a mentira pode, apenas, “aumentar” o peso que um erro pode ter.
7. Faça acordos justos
Nem sempre vocês irão concordar com tudo. Às vezes, um vai querer ir à praia no fim de ano, e outro vai querer passar um tempo a mais com os parentes.
Saber encontrar “meios termos” nessas situações é um caminho bastante promissor. Para isso, conversem, esclareçam o que cada um deseja e criem acordos que sejam justos para ambos os lados.
Como no nosso exemplo, é possível que um lado ceda e ambos vão à praia, mas no próximo ano passam as festas junto com a família.
A flexibilidade, nesse sentido, é muito importante. Ceder é importante. Saber priorizar o que se quer é importante – tudo com equilíbrio.
Por isso que sempre batemos na tecla de ter uma boa comunicação para ter um relacionamento saudável.
8. Busquem priorizar momentos a dois
A rotina realmente é corrida. Os dias parecem cada vez mais curtos. Porém, é importante termos em mente que um relacionamento é feito no contato e no encontro de duas pessoas. O distanciamento pode ocasionar conflitos, bem como um “esfriamento” da relação.
Portanto, priorizar momentos a dois é uma forma de fortalecer o laço. Abraçar o outro, tocá-lo e manter esse contato é importante para que o “hormônio do amor” seja liberado no cérebro e o relacionamento seja ainda mais fortalecido.
Claro que nem sempre esse contato físico será possível. No entanto, com a internet, é possível criar uma proximidade mesmo estando distante.
Busquem formas de viver momentos a dois, mesmo em casos de relacionamento a distância, a fim de construir uma proximidade que ajuda na hora de a relação evoluir.
Sem contato, com distanciamento, sem diálogo e sem presença, como será possível construir um relacionamento?
9. Aprendam a mediar conflitos
Aprender a mediar os conflitos também auxilia na hora de ter um relacionamento saudável. Isso porque os conflitos vão existir, nós querendo ou não. Se eles não existem e os dois concordam com tudo, absolutamente o tempo todo, é provável que um dos lados não esteja, de fato, se implicando e pensando.
Sendo assim, saiba que os conflitos não são algo negativo que devem ser extinguidos da vida das pessoas. Os conflitos ajudam nas reflexões, nas mudanças, nos novos planos, na busca por alternativas, etc.
No entanto, esses conflitos não devem ser ofensivos e o casal deve manter o respeito, a comunicação não-violenta, a paciência e a empatia nesses momentos. Mais adiante, ainda neste texto, apresentaremos algumas considerações relevantes que podem ajudá-lo a lidar com conflitos.
10. Considerem ser flexíveis
Um relacionamento não é formado por duas pessoas iguais. Mas sim, é formado por dois indivíduos com histórias de vida diferentes.
Isso quer dizer que o ponto de vista de cada um, em algumas circunstâncias, poderá ser diferente. Logo, haverá situações de discordância ou desagrado.
Porém, ser flexível pode contribuir na hora de ter um relacionamento saudável. Afinal, podemos ceder em algumas situações, entender a visão do outro e buscar mudanças positivas para ambos os lados, e assim por diante.
Portanto, considerem essa possibilidade de serem mais flexíveis, a fim de evitar problemas que, talvez, nem têm tanto sentido. Claro que não devemos, simplesmente, aceitar tudo o que o outro faz, sem questionar, mas a flexibilidade auxilia na construção de boas relações em qualquer circunstância da vida. Pense nisso.
11. Ouçam e cuidem das emoções
Ouvir e cuidar das emoções também é importante, uma vez que o que sentimos pode impactar em nossos comportamentos no dia a dia.
Sendo assim, se houver necessidade, dêem um tempo para pensar no que sentem e conversem sobre os conflitos depois de compreenderem melhor o que se passa.
Além disso, falem sobre as emoções. Exprimam o que sentem. Conversem sobre isso. As emoções fazem parte dos relacionamentos e devem ser ouvidas para elas não sobrecarregarem ninguém.
Até porque, ouvir as emoções ajuda a entendermos melhor o que se passa dentro de nós, e contribuir para a inteligência emocional e a interação com o outro.
Assim, as chances de construir uma relação que dê atenção às emoções e que garanta mais harmonia são maiores.
Aprendendo a lidar com conflitos para ter um relacionamento saudável
Construir um relacionamento saudável exige dedicação, compreensão, paciência e, claro, amor/sentimento de afeto. Sim, o amor/sentimento de afeto é uma peça-chave. Afinal, sem amor, será que nos sentiríamos instigados a buscar mudanças positivas e saudáveis? Pois é!
Além disso, lidar com conflitos é algo imprescindível. Pois como vimos no decorrer deste texto, os conflitos existem e sempre vão existir. Mas isso não quer dizer que eles são um problema e devem “ser cortados” da nossa vida. Pelo contrário!
Os conflitos podem nos ajudar a pensar diferente, a construir novos planos, e assim por diante.
Mas, como lidar com isso? Abaixo daremos algumas considerações que podem ser úteis:
1. Ouça atentamente o que o outro tem a dizer
Muitas vezes, não queremos ouvir o que a outra pessoa tem a dizer quando estamos irritados ou magoados. No entanto, lembre-se da premissa de que a comunicação pode fazer toda a diferença dentro de um relacionamento.
Por isso, antes de interromper, julgar ou criar preconceitos sobre o que o outro está falando, considere ouvi-lo atentamente. Se algo ficar ambíguo ou difícil de entender, questione – não fique interpretando com base nas emoções vividas no momento, mais vale perguntar para esclarecer, do que “imaginar” o que o outro gostaria de ter dito.
2. Cuidado com a postura defensiva
Durante o conflito, fique atento à postura defensiva que você pode estar assumindo. Claro que há situações que devemos nos defender, mas nem sempre essa postura é a ideal.
Quando cometemos um erro, por exemplo, ficar tentando justificá-lo, ao invés de aceitar o fato de que falhamos, pode ser pouco construtivo.
Admitir o que cometemos pode ser mais valioso e construtivo dentro da relação, pois, inclusive o pedido de perdão poderá ser mais genuíno.
Além disso, antes de interromper o outro, xingar ou ignorar o que está sendo dito, para “se defender”, tente ouvir, de fato, o que está sendo pronunciado pela outra pessoa. Não fique arquitetando, na sua mente, uma forma de desestabilizar o outro apenas para “se defender”. Afinal, se nenhum dos lados tentar pensar racionalmente, mas sim, buscar apenas “vencer a briga”, como será possível lidar com o conflito?
3. Aprendam que a flexibilidade faz parte
Ao longo deste texto nós já mencionamos que a flexibilidade é um dos pontos que contribuem na hora de ter um relacionamento saudável.
Isto é, em algumas circunstâncias nós podemos ceder para que o outro tenha os seus desejos atendidos, assim como em outras situações é ele quem irá ceder.
Ter essa consciência contribui para o equilíbrio e a harmonia, especialmente frente aos conflitos.
Lembre-se de que nenhum ser humano é imutável. Nós podemos mudar sim. E se essa mudança contribui para o relacionamento, melhor ainda!
4. Compreendam que os conflitos são construtivos
Devemos quebrar o paradigma e a ideia de que todo conflito é negativo e que deve ser evitado. Esse tipo de postura pode fazer com que muitos problemas sejam escondidos “debaixo do tapete”. Porém, esse ato de esconder não é o mesmo que “nunca ter problemas”, pois questões mal resolvidas podem surgir, mais tarde, como uma tempestade no relacionamento.
Sendo assim, conversar, comunicar o que desagrada, enfrentar os conflitos e percebê-los como algo construtivo é interessante.
5. Não cogitem comportamentos de vingança
As pessoas erram e são falhas. Não existe pessoa e tampouco um relacionamento que seja perfeito.
Diante dos conflitos, pensar em vingança é algo impraticável. Afinal, se todo mundo se vingasse quando o outro erra, viveríamos um eterno ciclo de vinganças no mundo.
Portanto, não cogitem esse tipo de comportamento dentro da relação. Caso contrário, poderá surgir uma verdadeira “guerra” entre o casal.
6. Considerem buscar a restauração quando possível
A restauração pode ser um dos objetivos frente aos conflitos, especialmente dos conflitos mais “pesados” e difíceis de assimilar.
Isto é, nem sempre a separação será a melhor resposta, embora ela possa vir à mente logo “de primeira”.
Claro que cada caso é um caso, mas se há sentimentos genuínos e não há prejuízos físicos ou de saúde para os indivíduos, a busca pela restauração pode ser um caminho relevante.
Considerem quais passos podem ser dados para isso, verifiquem o que acreditam que “perderam” no caminho, e fatores nesse sentido. Desse modo, quem sabe, é possível encontrar alternativas que cultivem um futuro ainda mais promissor.
Além disso, avaliem os prós e contras da situação, além de digerirem as emoções que vão sendo afloradas no conflito. Às vezes, ficar um tempo em silêncio, para organizar a mente e depois pensar no futuro, é melhor do que agir por impulso, jogar tudo para o alto e se arrepender depois.
- Importante: Essas considerações de restauração não se aplicam para relacionamentos abusivos, tóxicos e/ou violentos.
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A psicoterapia para casal pode ajudar
A Terapia de Casal também pode contribuir na hora de ter um relacionamento saudável, especialmente quando o casal se vê diante de conflitos que são difíceis de serem assimilados e ultrapassados.
Por meio da psicoterapia é possível compreender os comportamentos de cada um, refletir sobre mudanças positivas, pensar sobre as emoções, entender melhor o que se sente, e assim por diante.
Considere essa possibilidade e boas descobertas para o casal!
Referências
JANZEN, E. W. Conflitos: oportunidade ou perigo?: A arte de transformar conflitos em relacionamentos saudáveis. Editora Esperança; 2º edição (7 junho 2017).
SANTOS, T.; ANTÃO, C. Emoções no namoro – a base de um relacionamento saudável. Emoções no namoro – A base de um relacionamento saudável. Adolescência – Revista Júnior de Investigação. ISSN 2182-6277. 7:1, p. 16-22, 2020.