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Como salvar um relacionamento?

Como salvar um relacionamento?

Muitos casais buscam formas de salvar um relacionamento quando têm a sensação de que a relação se desgastou e se tornou monótona ou algo semelhante.

Mas será que existe a possibilidade de salvar um relacionamento? Será que todo relacionamento tem salvação? O que pode contribuir nesse sentido?

Ao longo deste texto, apresentamos informações e detalhes que podem nos ajudar a pensar e a refletir sobre o assunto. Acompanhe.

A responsabilidade mútua na hora de salvar um relacionamento

Antes de pensarmos em possibilidades de como salvar um relacionamento, devemos considerar um ponto muito importante: em algumas dinâmicas de relação amorosa, o lado narcisista de cada indivíduo pode fazê-lo acreditar que ele, sozinho, está “fazendo o possível” para salvar a relação, enquanto o outro lado não.

Isto é, muitas vezes entramos no papel de vítima, acreditando que só nós estamos colocando esforços no que queremos atingir com o relacionamento.

Porém, precisamos trabalhar a autorresponsabilidade e perceber que, às vezes, não é bem assim que funciona. Devemos procurar enxergar as nossas próprias falhas e faltas, visando construir um relacionamento mais saudável.

Afinal, a responsabilidade é mútua. Não devemos criar, em nosso imaginário, a ideia de que apenas nós estamos fazendo o possível. Sair dessa posição de vítima pode contribuir para uma visão diferente do relacionamento, que abre caminhos para uma construção mais saudável.

Por isso, convidamos você para refletir um pouco: o que você tem feito pela relação? O que o outro tem percebido disso? Será que você realmente tem se dedicado como imagina que se dedica? Será que realmente o outro “não faz nada” pelos dois? Seja sincero consigo mesmo e tente, de modo racional, pensar sobre a responsabilidade dos dois lados.

Como salvar um relacionamento?

Além de fazer a reflexão acima, vamos agora pensar em formas de iniciar um processo de “cura” para a relação.

Porém, é importante deixarmos claro que cada relacionamento é único e que não existe um método infalível para conseguir fazer um casamento ser restaurado. Isto é, cada relação pode ter os seus próprios problemas e dificuldades, que devem ser analisados de maneira singular.

Além disso, lembre-se de que, em alguns casos, o casal pode optar pelo processo de separação como “solução” para os problemas, e esse também pode ser um caminho relevante. Dito de outro modo, nem sempre o casamento poderá ser renovado e a separação pode sim ser a decisão mais sadia.

Agora, vamos às considerações:

1. Comunicação clara sobre o que pode estar acontecendo (e se os dois querem salvar o relacionamento)
Um ponto de partida relevante é a comunicação no relacionamento. Sem ela, é praticamente inviável salvar um relacionamento.
Com base na comunicação clara e assertiva, o casal pode decidir se ambos estão dispostos a salvar o casamento ou não. Afinal, se apenas um lado estiver disposto, como isso poderá dar certo?
Outro fator que pode ser discutido é o que talvez esteja prejudicando a conexão do casal. Será que é a rotina corrida? O foco excessivo no trabalho? A falta de carinho? A mudança nos objetivos pessoais de cada um?
Essa análise pode trazer pistas de quais áreas da vida impactaram o bem-estar dos envolvidos, visando oferecer mais perspectivas sobre o que pode ser feito de agora em diante.

2. Escuta ativa e empatia durante a comunicação
A escuta ativa também deve ser considerada durante as conversas do casal. Isto é, muitas vezes caímos no erro de querer julgar o que o outro disse ou imaginar o que dirá. Essa prática pode atrapalhar o processo de compreensão do que está sendo falado pela outra pessoa. Por isso, sugerimos que você comece a manter uma atenção plena nas palavras usadas pelo outro.
Preste atenção em cada detalhe, sem se deixar levar por julgamentos ou por ideias que você imagina que o outro quer dizer. Inclusive, se não entender algo, ao invés de interpretar mil e uma situações, considere questionar.
Ao mesmo tempo, lembre-se de assumir uma posição empática no relacionamento. Como você gostaria que o outro ouvisse o que você tem a dizer? Ou ainda, será que as palavras que você está usando estão machucando o outro ou fazendo-o entender o seu ponto de vista?
Essas reflexões e exercícios podem ajudar na hora de ser mais claro e equilibrado na hora de colocar em palavras os seus pensamentos.

3. Desenvolvimento da tolerância e da flexibilidade
Desenvolver a capacidade de tolerância e de flexibilidade é importantíssimo. Pois pare e pense: em um relacionamento a dois, há a presença de duas pessoas diferentes. Essas pessoas podem ter tido uma criação diferente, uma história completamente distinta e sonhos que divergem. Como resultado, cada um possui uma personalidade única e um ponto de vista distinto sobre algumas questões da vida.
Isso quer dizer que elas são completamente incompatíveis? Não necessariamente. Mas, obviamente, haverá diferenças que talvez sejam difíceis de assimilar em alguns casos.
Porém, é aqui que a capacidade de tolerar e ser flexível deve ser trabalhada. Isto é, devemos compreender que o outro possui diferenças, e que essas diferenças devem ser respeitadas. Não devemos querer mudar o outro a todo custo, afinal, se fosse o contrário, como nos sentiríamos?
Ao mesmo tempo, não devemos aceitar algo que vai contra o que acreditamos e o que realmente faz sentido em nossas vidas, claro. Porém, isso não quer dizer que devemos alterar o outro – às vezes, a questão é nossa e, talvez, seguir adiante seja mais saudável do que querer ser um autoritário na relação, concorda?
Afinal, é importante ter em mente que as pessoas são diferentes e, volta e meia, as discordâncias irão aparecer. Estar pronto para ser flexível em algumas ocasiões é algo importante.

4. Momentos a dois dentro da rotina corrida
A rotina corrida pode, muitas vezes, atrapalhar o processo de salvar um relacionamento. No entanto, cabe ao casal criar momentos a dois que possam resgatar aquelas ocasiões que despertam sentimentos e sensações vividas no início do relacionamento, por exemplo.
Afinal, se não houver nenhum tipo de contato dentro da relação, e o distanciamento aparecer com muita frequência, pode ser que o afeto fique comprometido.
Sendo assim, o casal pode criar formas de priorizar os momentos a dois para viver novas experiências, renovar o amor e aproximar-se um do outro.

5. Vida social saudável e equilibrada
A vida social de uma pessoa pode contribuir para a construção de um bom relacionamento amoroso, bem como pode minar o bem-estar do casal.
Existem muitos pontos que podem afetar o relacionamento. Veja exemplos:

  • Quando um dos dois é emocionalmente indisponível na relação, mas muito presente na vida social, o parceiro ou a parceira pode se sentir pouco valorizado.
  • Em casos de contato extremo, no qual um dos dois demonstra uma carência afetiva intensa, focando apenas na relação e deixando os amigos e familiares de lado, o outro lado pode se sentir sufocado.
  • Uma vida social muito agitada para os dois pode resultar em falta de tempo para compartilharem momentos como casal.
  • Entre outros cenários.

Por isso, construir relações sociais saudáveis e equilibradas também pode contribuir na hora de salvar um relacionamento.
Afinal, as relações saudáveis fortalecem a autoestima, expandem os pontos de vista sobre o mundo, trazem conteúdos diferentes para dentro da relação e impedem que o relacionamento fique sobrecarregado com excessos de carência e dependência, por exemplo.

6. Quais os motivos do mantimento da relação?
Discutir sobre os motivos para manter a relação também pode abrir caminhos para grandes reflexões. Pode ser que, no começo, o casal fragilizado sinta dificuldades de apontar esses motivos, mas, persistir na reflexão, sem pressa e respeitando o tempo de cada um, talvez traga insights que retomam motivos importantes para ambos os lados.

7. Expressão dos sentimentos
Expressar os sentimentos não é uma tarefa fácil para algumas pessoas. Porém, essa expressão pode tornar o relacionamento mais “vivo” no sentido afetivo.
Sendo assim, demonstrar que ama o outro, com gestos, palavras e atitudes, pode elevar a proximidade do casal.
Esconder os sentimentos, por sua vez, pode ocasionar uma visão deturpada por parte do outro. Isto é, ele pode imaginar que o parceiro ou a parceira não o ama mais.
Claro que cada pessoa é única e nem sempre estaremos com alguém que expressa super bem os sentimentos. Contudo, algum gesto que demonstre a conexão pode fazer a diferença no dia a dia, caso isso seja importante para o outro.
Lembre-se da flexibilidade – ela faz parte dos relacionamentos saudáveis.

8. Desenvolvimento da paciência frente às mudanças
A vida é dinâmica e mutável, e está, a todo momento, nos apresentando novas possibilidades e oportunidades. Isso quer dizer que as mudanças, cedo ou tarde, vão acontecer em nós, na nossa sociedade, na comunidade em que vivemos e, claro, na pessoa que está ao nosso lado.
Nem sempre estamos pronto para elas, mas faz parte do jogo. Além desse tipo de mudança, temos que ter paciência na hora de implementar transformações que possam salvar um relacionamento.
Até porque, as mudanças, ou ao menos grande parte delas, podem ser bem assustadoras, especialmente no começo. Afinal, trata-se de algo desconhecido, que gera ansiedade e angústia.
No entanto, as mudanças fazem parte das mais ricas histórias construídas. E elas nem precisam ser tão grandes e intensas – pequenas transformações também mudam vidas.
Só que, ao mesmo tempo, o desejo de “pular o começo” pode surgir, o que atrapalha o processo de adaptação.
Por isso, quando pensamos em salvar um relacionamento, implementando mudanças, devemos ter a consciência de que elas devem ser gradativas, e não repentinas.
Imagine a seguinte situação: se você não é atleta, mas precisa percorrer oito quilômetros a pé, o que você prefere:

  • Correr os oito quilômetros o mais rápido possível?
  • Ou caminhar, no seu tempo e sem ficar exausto, até chegar lá?

Convenhamos que o segundo cenário parece mais sadio, concorda? No caso das mudanças que ocorrem no relacionamento, é mais ou menos assim.
Elas devem ser gradativas, respeitando o tempo de adaptação de cada um, com base na paciência, no diálogo, etc.

9. Negociem e façam acordos importantes para o casal
Quais são os desejos de cada um? E os objetivos? O que um quer, que o outro não quer? Como é possível encontrar um meio termo nessas situações?
Esses são alguns dos questionamentos que podem ser úteis na hora de negociar o que acontecerá, de agora em diante, dentro do relacionamento.
Isso porque, com o passar do tempo e com a criação de uma rotina, podemos entrar em um modo mais automático na hora de agir, esquecendo-nos de fazer acordos e de levar em conta o ponto de vista alheio.
Por isso, refletir sobre os equilíbrios que podem ser encontrados dentro das discussões trazidas pelo casal, é algo que pode mudar a forma de enxergar a relação.
Novamente, a flexibilidade e a tolerância podem contribuir para a construção de acordos que sejam justos para ambos os lados.

10. Considerem embarcar em uma terapia de casal
A terapia de casal também pode auxiliar no processo de salvar um relacionamento. Isso porque o casal pode ter dificuldade para enxergar novas vias que poderiam ser seguidas.
É como diz o ditado: para enxergar o furacão, é necessário estar fora dele. Logo, um terapeuta, com uma visão neutra e imparcial, poderá escutar as dúvidas e angústias do casal, ajudando-os a construir novos caminhos que possam contribuir para a felicidade e o bem-estar de ambos os lados.
As emoções podem ser trabalhadas, o autoconhecimento desenvolvido, a comunicação pode ser estimulada, e assim por diante. Para saber mais sobre como funciona esse processo, acesse o nosso conteúdo completo sobre terapia de casal.

Expressões de diferentes eus dentro da relação

Outro fator que devemos refletir é que dentro de um relacionamento amoroso, na prática, não existem apenas duas pessoas. Obviamente, no sentido físico e prático, são duas pessoas se relacionando. Mas, quando pensamos nas questões psicológicas e envolvidas com a personalidade de cada um, estamos diante de “várias pessoas”.

Isso porque cada ser humano possui diferentes papéis em sua vida. A esposa pode ser uma excelente trabalhadora, mas não tão boa como dona de casa. O marido pode ser um excelente pai, mas talvez não tão carinhoso na posição de marido.

São muitos papéis que vão sendo desempenhados ao longo do dia, e aprender a lidar com cada um deles não é tarefa fácil.

Porém, quando enxergamos a junção de vários traços da outra pessoa, com os nossos próprios, por meio do laço do amor, podemos compreender porque aquela pessoa foi escolhida por nós.

Também podemos entender que embora alguns papéis pareçam não tão bem desempenhados pelo outro, pelo menos do nosso ponto de vista, também há papéis que preenchem a relação de forma positiva.

Afinal, não existe perfeição. Devemos aceitar que nem nós e nem os outros são perfeitos. E isso pode nos ajudar a lidar com os diferentes “eus” dentro de cada um.

Será que é possível salvar todo relacionamento?

No decorrer deste texto, trouxemos algumas reflexões e considerações sobre salvar um relacionamento. No entanto, é importante destacarmos que a salvação de um relacionamento específico, às vezes, pode ser a vivência da separação. Isto é, pensando na saúde mental, na qualidade de vida e no bem-estar dos envolvidos, a separação pode sim ser um caminho mais sadio e promissor.

Obviamente, o casal pode tentar quantas vezes quiser, sempre respeitando a saúde e os limites de cada um, antes de optar pela separação. Só que não devemos romantizar os problemas nos relacionamentos a ponto de achar que todos viverão juntos “até que a morte os separe”. A vida pode mudar essa perspectiva, e tudo bem! Separar pode ser difícil, mas também faz parte da vida humana e pode ser algo superável.

Portanto, se você sente que a sua relação não evolui, e que as tentativas de ambos os lados não estão levando isso adiante, converse com um psicólogo sobre o assunto. Quem sabe, novas perspectivas poderão ser criadas para a sua vida, e não necessariamente ao lado de quem você está hoje.

Ninguém é obrigado a viver para sempre com a mesma pessoa apenas para “salvar um relacionamento”. A saúde e o bem-estar devem ser prioridades, e não um complemento.
Cuide-se e lembre-se: se estiver com dificuldades emocionais para lidar com o que sente, busque ajuda psicológica.

Referências
ELISEU, E. J. A importância da comunicação no relacionamento amoroso. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade do Sul de Santa Catarina, 2017.

SIMONETTI, A. O nó e o laço – São Paulo : Integrare Editora, 2009.