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Capsulite Adesiva ou Ombro Congelado

O que é a Capsulite Adesiva (Ombro Congelado)?

A Capsulite Adesiva, também conhecida como Ombro Congelado, é uma doença inflamatória do ombro que leva a uma grave restrição na mobilidade da articulação. Acomete especialmente indivíduos entre 40-60 anos, do sexo feminino. O lado mais envolvido é o não dominante.

Sua causa é desconhecida, mas é mais comum em pacientes diabéticos, com doenças da tireoide (hipo ou hipertireoidismo) e pacientes que permanecem com o ombro imobilizado por período prolongado, como no caso de fraturas e pós-operatórios. Em alguns casos, ela pode se desenvolver sem nenhuma causa aparente.

A doença acomete essencialmente a cápsula articular, que se torna espessada, inelástica e friável. O volume da articulação torna-se reduzido, em torno de 3-15ml, ao invés de 20-25ml da capacidade articular normal. O fator determinante para todas estas alterações, no entanto, ainda não é conhecido.

O que o paciente sente?


A capsulite adesiva se desenvolve em três fases diferentes: a inflamatória, a de rigidez ou congelamento e a de descongelamento.

Fase inflamatória

Caracterizada por dor progressiva – no início mais leve, mas que vem a se tornar bastante limitante. Diferentemente de outros problemas no ombro, a Capsulite Adesiva provoca dor com qualquer tipo de movimento, não apenas com a elevação do braço acima da altura da cabeça.

Apesar da dor, o movimento do ombro ainda pode ser normal ou pouco limitado nesta fase. Em alguns pacientes, a fase inflamatória pode durar até nove meses.

Fase de rigidez ou congelamento

O ombro se torna gradativamente menos dolorido, porém mais rígido. Movimentos básicos ficam comprometidos, como pegar um objeto, trocar de roupa, realizar a higiene pessoal ou se alimentar de forma independente.

O movimento de rodar o braço para dentro e para fora, por depender essencialmente da articulação glenoumeral, tende a ser especialmente comprometido.

A elevação pode ser mantida até a aproximadamente 90 graus. Esta mobilidade se faz principalmente às custas da articulação entre a escápula e o tórax, que não é comprometida pela capsulite adesiva. Esta fase dura em média 4 a 12 meses, mas em alguns casos pode levar até 18 meses (2).

Fase de descongelamento

Melhora progressiva da mobilidade do ombro, até a resolução completa da doença.

A Capsulite Adesiva é autolimitada, o que significa que ela tem a tendência de melhorar com o tempo, independentemente do tratamento realizado. A maioria dos pacientes apresenta uma função satisfatória do ombro dois anos após o início dos sintomas. Entretanto, sintomas residuais leves são referidos por até 50% deles depois de anos (1).

Diagnóstico


O diagnóstico da Capsulite Adesiva deve ser baseado na avaliação clínica do paciente, uma vez que ela não leva a nenhuma alteração específica nos exames de imagem. Pior do que isso, a capsulite pode desencadear outros problemas secundários no ombro, como o Impacto Subacromial ou Tendinopatia do Manguito Rotador. Estas patologias sim podem ser detectadas pelos exames de imagem.

Desta forma, na fase inflamatória é comum que o paciente receba o diagnóstico de bursite ou tendinite e a capsulite adesiva não é identificada. Ela só vem a ser identificada na fase seguinte, de congelamento, quando a perda de mobilidade se torna evidente.

Exames como radiografia, ultrassom ou ressonância magnética, desta forma, devem ser solicitados mais como forma de descartar outros problemas no ombro do que para o diagnóstico da Capsulite Adesiva propriamente dita.

Tratamento da Capsulite Adesiva (Ombro Congelado)


O tratamento da Capsulite Adesiva é não cirúrgico na grande maioria dos pacientes. Ele varia de acordo com a fase de evolução da doença.

Tratamento na fase inflamatória

O tratamento na fase inflamatória tem por objetivo a melhora da dor e da inflamação. Pode incluir medicações anti-inflamatórias, corticóides (por boca ou injeção), infiltrações intra-articulares com corticóide ou os bloqueios do nervo supraescapular.

O nervo supraescapular é responsável pela inervação sensitiva e pela sensação dolorosa na região do ombro. O bloqueio ou infiltração com anestésicos no trajeto do nervo, em intervalos semanais, é uma alternativa para o alívio da dor e desconforto. Estas infiltrações facilitam o trabalho da fisioterapia, especialmente com os exercícios de mobilidade articular.

Tratamento na fase de rigidez

O tratamento na fase de rigidez é voltado para o alongamento e para a recuperação da mobilidade. Isso deve ser feito sempre respeitando-se o limite da dor, já que tentar ganhar movimento a qualquer custo fará a rigidez piorar ainda mais.

Pacientes com dor intensa devem iniciar o tratamento com foco na analgesia, uma vez que a dor é o principal fator perpetuador do quadro. Sem a melhora da dor, outros métodos de tratamento não serão bem-sucedidos.

Pacientes com restrição da mobilidade e sem dor podem ser indicados a realizar um procedimento que inclui a infiltração articular com corticoide, distensão hídrica da cápsula articular e manipulação sob anestesia.

O procedimento é feito no centro cirúrgico devido à necessidade de sedação. Entretanto, ele não deve ser considerado uma cirurgia, uma vez que nenhuma incisão é feita na pele do paciente.

Ao realizar a sedação, o paciente relaxa a musculatura e não sente dor para fazer a manipulação, permitindo um ganho maior de movimento.

Além disso, a distensão hídrica ajuda a “quebrar” a fibrose, que é um tecido cicatricial que se forma ao redor da cápsula articular.

Já a infiltração com corticoide ajuda no controle da dor. Isso é importante, uma vez que a dor tende a piorar nos primeiros dias após a manipulação. A fisioterapia deve ser retomada de imediato após o procedimento.

Tratamento na fase de descongelamento

Durante a fase de descongelamento, o paciente apresenta melhora progressiva da mobilidade, até a resolução completa da doença.

Em decorrência de um longo período de dor e limitação da mobilidade, é esperado que este paciente apresente uma perda significativa de massa muscular, que precisa agora ser recuperada.

O ombro é uma articulação que possui uma mobilidade ampla às custas de uma menor estabilidade.

O que mantém o posicionamento adequado da articulação durante os movimentos não é a estrutura óssea, mas sim os músculos, tendões e cápsula articular.

Isso significa que, ao tentar aumentar as atividades sem o suporte de uma musculatura adequada, as queixas de dor e disfunção residual tendem a ser mais acentuadas.