Pesquisar

Avaliação Metabólica do Atleta

Peso e composição corporal

Tanto o peso corporal quanto a composição corporal — ou seja, a proporção entre massa muscular, gordura e outros tecidos — têm grande impacto no desempenho esportivo. No entanto, cada esporte impõe demandas específicas em relação a esses parâmetros.

Como o Peso Corporal Afeta o Rendimento Esportivo?

Atletas com maior peso corporal tendem a apresentar menor desempenho em saltos, o que pode ser prejudicial em esportes como vôlei, basquete e ginástica artística.
Além disso, o gasto energético necessário para deslocamento horizontal aumenta com o peso, o que afeta negativamente a performance em modalidades de resistência, como as corridas de longa distância.

Em alguns esportes, até mesmo o ganho de massa muscular, ainda que benéfico do ponto de vista de força, pode ser prejudicial para o rendimento. Maratonistas são um dos melhores exemplos disso, já que o excesso de massa (mesmo magra) pode comprometer a eficiência do movimento e aumentar o gasto energético.

Composição Corporal

Embora o ganho de força muscular seja desejável em praticamente todas as modalidades, nem sempre ele deve vir acompanhado de hipertrofia. Isso porque massa adicional, mesmo sendo músculo, pode prejudicar o desempenho quando o controle de peso é fundamental.

Cada indivíduo responde de forma distinta às mudanças na composição corporal. Por exemplo:

  • Um atleta pode ter ótimo desempenho com 12% de gordura corporal, mas ver esse rendimento cair ao subir para 16%;
  • Outro pode se sentir exausto ou menos eficiente ao reduzir de 16% para 12%.

Essa individualidade biológica torna fundamental a personalização dos objetivos em relação à composição corporal.

Composição Corporal Ideal em Diferentes Esportes

Diferentes esportes têm diferentes exigências em relação a peso e composição corporal, embora algumas modalidades sejam mais democráticas do que outras nesse quesito.

Pessoas que acompanham o esporte de alto rendimento identificam facilmente um maratonista ou uma ginasta. Mas podem ter maior dificuldade para identificar um jogador de futebol com base em suas características físicas.

A seguir, vemos como peso e composição corporal influemciam o endimento em diferentes modalidades esportivas:

  • Esportes de força pura (ex: Levantamento de Peso Olímpico): Qualquer ganho de massa muscular é benéfico, mesmo que venha com aumento de peso total ou gordura corporal.
  • Esportes de resistência (ex: Maratona, Triathlon, Corrida de Rua): baixo peso e baixo percentual de gordura são essenciais. O foco está na eficiência do movimento e na economia de energia.
  • Modalidades artísticas e de alta sensibilidade ao peso (ex: Ginástica Rítmica, Ballet): Ganhos de peso (mesmo que muscular) costumam prejudicar a performance. O treino deve buscar o aumento da força sem gerar hipertrofia.
  • Provas de longa distância na natação (ex: Maratona Aquática): Uma quantidade moderada de gordura corporal pode ser benéfica, pois ajuda na flutuabilidade e na manutenção da temperatura corporal.
  • Esportes com exigência mista (ex: Futebol, Basquete, Vôlei) requerem equilíbrio entre força e mobilidade. No entanto, a composição ideal pode variar de acordo com a posição de cada atleta. Por exemplo:
    • Zagueiros precisam de mais massa muscular para o jogo de corpo;
    • Meio-campistas se beneficiam de um corpo mais leve e ágil para percorrer longas distâncias com velocidade.

Avaliação do Gasto energético

A avaliação do gasto energético de um indivíduo é importante para a prescrição de dietas, especialmente para aqueles que estão em busca de ganhar ou perder peso.

Para isso, deve-se considerar:

  • Taxa metabólica basal: quanta energia a pessoa gasta em repouso absoluto;
  • Gasto energético para a digestão de alimentos;
  • Gasto energético durante o exercício.

Existem diferentes métodos com diferentes complexidades e diferentes margens de erro,. Discutimos mais sobre isso em um artigo sobre avaliação do gasto energético .

Avaliação da Capacidade Aeróbia

A capacidade aeróbia se refere à capacidade do corpo de realizar esforço físico por um longo período de tempo.

Existem diferentes testes utilizados para isso, com maior ou menor complexidade, maior ou menor exigência técnica e maior ou menor necessidade de equipamentos.

Idealmente, o teste deve se aproximar ao máximo do esforço que o atleta realiza em sua atividade esportiva principal.

Teste de Cooper

O teste de Cooper é um teste desenvolvido pelo médico Kenneth Cooper em 1968, nos Estados Unidos.

Ele tem como objetivo avaliar a capacidade cardiorrespiratória através da análise da distância percorrida durante 12 minutos, em uma corrida ou caminhada.

O Dr. Cooper demonstrou uma forte correlação entre a distância que alguém consegue correr (ou caminhar) em 12 minutos e seu valor de VO2 máximo, que é a capacidade máxima de consumo de oxigênio por um indivíduo.

No entanto, essa é uma medida indireta do VO2 máximo. Uma medida mais precisa pode ser feita por meio do Teste de Esforço Cardiopulmonar.

Teste de esforço cardiopulmonar (Teste Ergoespirométrico)

O teste de esforço cardiopulmonar, também conhecido como teste ergoespirométrico, avalia como o sistema cardiovascular e respiratório responde ao aumento progressivo da intensidade do exercício físico.
É uma ferramenta que ajuda tanto para diagnóstico e acompanhamento de doenças cardíacas e pulmonares, quanto para a prescrição individualizada de treinos.

Como é Realizado o Teste de Esforço Cardiopulmonar?

O exame habitualmente é feito em uma esteira ergométrica ou em uma bicicleta ergométrica, dependendo do perfil do paciente ou do esporte praticado. Eventualmente, pode ser usado em outras modalidades, como em um remoergômetro.

O indivíduo começa o teste em intensidade leve a moderada, que aumenta progressivamente até a exaustão ou até que o examinador decida encerrar.

Durante todo o teste, o paciente utiliza uma máscara facial que analisa, em tempo real, os gases inspirados e expirados (consumo de oxigênio e produção de gás carbônico);

O monitoramento cardíaco contínuo é feito por eletrocardiograma.

Interpretação dos Resultados

Do ponto de vista esportivo, os principais parâmetros extraídos são os limiares ventilatórios:

🔹 Limiar Ventilatório 1 (VT1) – Limiar Anaeróbio

  • Marca a transição do exercício predominantemente aeróbio para um estágio onde o corpo começa a produzir ácido lático.
  • É o ponto ideal para treinos de base aeróbia e de resistência.

🔹 Limiar Ventilatório 2 (VT2) – Ponto de Compensação Respiratória

  • Representa o ponto em que o organismo não consegue mais tamponar o ácido lático.
  • Após esse ponto, a fadiga se instala rapidamente.
  • Ideal para treinos de alta intensidade e intervalados (HIIT).

Zonas de treinamento

Com base na frequência cardíaca registrada nos dois limiares, é possível definir zonas de treinamento específicas, como:

  • Zona 1 (abaixo do VT1): ideal para recuperação e treinos leves;
  • Zona 2 (entre VT1 e VT2): para melhora da capacidade aeróbia;
  • Zona 3 (acima do VT2): utilizada em treinos anaeróbios e para ganho de potência.

Do ponto de vista esportivo, portanto, o teste ergoespirométrico permite prescrever treinos com alta precisão dentro dos objetivos propostos.

Teste YoYo

O Teste YoYo é uma ferramenta usada para avaliar a capacidade aeróbia intermitente de um atleta — ou seja, sua capacidade de realizar exercícios repetidos de alta intensidade com períodos curtos de recuperação.

Ele é indicado especialmente na avaliação de atletas em modalidades esportivas com movimentos intervalados em alta velocidade ou velocidade máxima, seguido por momentos de pausa. Entre eles, incluem-se o futebol, handebol, basquete, futsal e rugby.

O Teste de YoYo é mais específico para essas modalidades quando comparado com o Teste de Cooper ou o Teste Ergoespirométrico, os quais envolvem um esforço contínuo

Como é feito o Teste YoYo ?

Os atletas executam corridas repetitivas de 40m. Eles devem fazer uma corrida de 20m, depois contornar um cone e retornar ao ponto inicial.

A intensidade é controlada através de um estímulo sonoro, com intervalos cada vez mais curtos.

Quando o atleta não mais consegue acompanhar o ritmo do teste, o mesmo é interrompido.

O resultado do teste é indicado como a distância total percorrida ao longo do teste.

Existem diferentes protocolos que podem ser usados de acordo com o nível do atleta.

A diferença entre os protocolos é tempo para recuperação e o aumento da velocidade.