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Avaliação musculoesquelética do Atleta

Avaliação musculoesquelética do Atleta

A avaliação Musculoesquelética do Atleta tem como objetivo identificar lesões, desequilibrios de força e desequilibrios funcionais que contribuam para uma maior sobrecarga articular e em um maior risco de lesões.

Para isso, é preciso considerar também as motivações individuais com a prática de exercícios, que pode incluir:

  • Melhora da saúde geral;
  • Controle de condições clínicas já existentes, como artrose, tendinite ou um problema cardiológico.
  • Melhora da estética corporal;
  • Melhorara do desempenho esportivo (considerar a modalidade);
  • Prevenção de lesões.

Entender a motivação é essencial, pois são eles que norteiam a prescrição de exercícios. A avaliação pré-participação também será individualizada, considerando as demandas físicas e fisiológicas dos treinos prescritos.

Alguns tipos de avaliação podem ser fundamentais para determinados atletas, mas totalmente dispensáveis para outros — gerando, quando mal aplicadas, gastos desnecessários e perda de tempo.

Histórico de saúde

Após entender os objetivos, é preciso identificar particularidades individuais que possam interferir na prescrição de exercícios, incluindo:

  • Problemas musculoesqueléticos, como tendinopatias, artrose ou dores articulares em geral;
  • Histórico de lesões;
  • Cirurgias prévias, como uma prótese do joelho ou quadril.

A interpretação dos achados da história clínica do atleta, no entanto, deve ser feita de forma cuidadosa e criteriosa. A mesma lesão pode muitas vezes se comportar de forma bastante diversa em diferentes atletas. Assim ,um atleta pode por exemplo ter uma tendinite patelar importante,  mas ainda assim seguir jogando no alto rendimento e sem perda de jogos ou treinos por conta disso. Outro atleta, com achados de exames bem mais sutis, pode estar tendo muito mais dificuldade para lidar com a lesão, com perda de rendimento e de jogos.

Avaliação de força

Embora a força muscular possa ser medida de forma  precisa, não existem parâmetros universais que definam objetivamente se um músculo está “forte” ou “fraco”. Isso ocorre porque a força depende de variáveis individuais, como altura, massa corporal, biotipo e também da demanda funcional específica de cada pessoa.

Mesmo sem um padrão absoluto, a mensuração da força é extremamente útil na detecção de desequilíbrios musculares — seja entre membros (como perna direita versus esquerda) ou entre grupos musculares agonistas e antagonistas (como quadríceps e isquiotibiais). Ao identificar assimetrias significativas, é possível adaptar o plano de treino para promover o reequilíbrio muscular, melhorar o desempenho e reduzir o risco de lesões.

Esses desequilíbrios musculares, quando ultrapassam 10% de diferença, são reconhecidos como fatores de risco para lesões musculoesqueléticas, tanto traumáticas quanto por sobrecarga. A boa notícia é que esses desequilíbrios podem ser corrigidos com uma prescrição de exercícios adequada e personalizada.

Principais Métodos de Avaliação da Força Muscular

Existem duas formas principais de realizar a avaliação de força muscular de forma objetiva:

  1. Teste Isocinético

O teste isocinético é considerado o método mais preciso para avaliação da força. Ele é realizado em um equipamento especializado, que permite o movimento de uma articulação em velocidade constante, enquanto o avaliado aplica a força máxima possível contra a resistência do aparelho.

  • Vantagens:
    • Alta precisão;
    • Capaz de medir torque, potência e resistência muscular;
    • Muito útil em reabilitação e acompanhamento de atletas.
  • Desvantagens:
    • Custo elevado do equipamento;
    • Disponibilidade limitada;
    • Avalia apenas grupos musculares específicos (geralmente membros inferiores e ombros).
  1. Dinamometria

A dinamometria mede a força aplicada contra uma superfície ou dispositivo fixo. Ela pode ser realizada com diferentes tipos de dinamômetros — manuais, digitais ou de plataforma.

  • Vantagens:
    • Mais acessível e versátil;
    • Pode ser utilizada para praticamente qualquer grupo muscular;
    • Boa ferramenta para ambientes clínicos, acadêmicos e esportivos.
  • Desvantagens:
    • Pode apresentar variações nos resultados se não houver padronização na técnica de aplicação;
    • Menor precisão em comparação com o teste isocinético.

Avaliação funcional

Durante um exercício ou nas atividades do dia a dia, mais importante do que ter força, mobilidade, potência e resistência muscular é que todas essas valências físicas sejam utilizadas de forma coordenada, promovendo um padrão de movimento eficiente.

Diferentemente dos exercícios clássicos de academia — que buscam isolar grupos musculares específicos — os gestos esportivos dependem de uma coordenação complexa entre articulações e cadeias musculares, a fim de aumentar a eficiência e a precisão dos movimentos.

Nem sempre o tenista que saca mais rápido é o que tem mais força. Da mesma forma, um atleta de levantamento olímpico pode levantar mais peso, mesmo com uma força menor, por apresentar um melhor padrão de movimento.

É comum que, durante a reabilitação de uma cirurgia no joelho, por exemplo, o paciente seja avaliado em termos de força muscular, mas não quanto ao padrão de movimento. Mesmo com uma força aparentemente equilibrada, se a pessoa não conseguir utilizar essa força de forma funcional, continuará apresentando déficits de desempenho e maior risco de lesões.

A boa notícia é que o movimento pode — e deve — ser avaliado e treinado, com base em ferramentas específicas.

Duas das mais utilizadas são o Functional Movement Screen (FMS) e o Movement Competency Screen (MCS), métodos padronizados e validados para a avaliação da qualidade do movimento.

  • O FMS analisa sete padrões fundamentais de movimento com o objetivo de identificar assimetrias e desequilíbrios funcionais.
  • Já o MCS avalia a competência global do movimento por meio de cinco tarefas específicas.

Functional Movement Screen (FMS)

O FMS é uma ferramenta utilizada para identificar assimetrias que resultam em deficiências funcionais de movimento. Ele se baseia em sete padrões de movimento que exigem mobilidade e estabilidade. Cada um desses movimentos é pontuado de 0 a 3 pontos, com a soma resultando em uma pontuação que varia de 0 a 21 pontos.