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Autoestima na Terceira Idade

Autoestima na terceira idade

A autoestima na terceira idade é marcada por mudanças significativas na autoimagem e no autoconceito que o idoso pode fazer de si mesmo. Essas mudanças podem ocorrer de diversas maneiras, dependendo do contexto no qual o indivíduo está inserido.

Neste texto, apresentamos algumas considerações sobre a autoestima do idoso, além de descrevermos orientações sobre o que pode ser feito para estimular uma imagem pessoal mais positiva de si mesmo. Acompanhe e saiba mais.

Aspectos envolvidos com a autoestima na terceira idade

Primeiramente, vamos discutir os aspectos envolvidos com a autoestima na terceira idade, pois isso pode trazer subsídios para que pensemos em estratégias que previnam a quebra da estima por si mesmo nesta fase da vida. Veja alguns pontos que podem ser considerados e avaliados:

1. Perda da autonomia

Em muitos casos, a perda de autonomia e de mobilidade é a realidade para o idoso que atravessa significativas mudanças no seu corpo e, inclusive, na sua própria mente.

Essa perda de autonomia pode afetar significativamente a autoestima na terceira idade, pois o indivíduo pode se sentir um “peso” ou um “incômodo” na vida daqueles que precisam, agora, oferecer os cuidados básicos para o sujeito.

Além disso, a exposição que a falta de autonomia pode provocar também é algo relativamente ruim para o idoso. É o caso de sentir sua intimidade exposta quando, a cada dia, um filho ou cuidador diferente precisa trocá-lo ou dar banho, por exemplo.

Por isso, uma alternativa interessante é minimizar essa exposição para que nem todas as pessoas tenham contato com a intimidade do idoso, evitando que ele se sinta totalmente exposto e desprovido de privacidade.

2. Aposentadoria

O trabalho tem um papel muito importante em nossas vidas. Inclusive, durante a vida adulta, o trabalho ocupa a maior parte da agenda das pessoas. Ele está associado com prestígio, sucesso, ser bem-sucedido, ter “valor”, oferecer benefícios para a sociedade, e assim por diante.

Desse modo, quando o idoso se vê diante dos aspectos psicológicos da aposentadoria, pode perder o seu ponto de referência para construir uma rotina ativa, já que não tem as obrigações do trabalho para cumprir.

Também é possível que ele se sinta “perdido” quanto ao que pode ser feito para ocupar o tempo que, agora, está livre.

Ao mesmo tempo, pode sofrer com o medo de ser julgado como “inútil” pelas outras pessoas, além de ele mesmo se julgar dessa forma.

Por isso, a aposentadoria também pode, muitas vezes, impactar a autoestima na terceira idade. Buscar atividades prazerosas, compreender que o ciclo do trabalho obrigatório se encerrou e priorizar-se são medidas importantes neste momento.

3. Mudanças no corpo

Sem dúvidas, o envelhecimento costuma ser marcado por mudanças significativas no corpo dos indivíduos. A pele cria um aspecto mais envelhecido, os movimentos podem ficar mais lentos, as dores no corpo podem se tornar mais recorrentes, e assim por diante.

Todas essas mudanças, sendo analisadas em frente ao espelho, podem provocar impactos na autoestima na terceira idade. A pessoa pode se sentir “envelhecida” e até mesmo fragilizada diante das mudanças, o que pode diminuir a estima que o indivíduo tem por si mesmo.

Nessas situações, é muito importante buscar reconhecer que a vida é feita de fases. Ontem, éramos jovens. Hoje, somos idosos. Faz parte do ciclo da vida.

O envelhecimento não precisa ser encarado como algo negativo, mas, sim, como uma marca de maturidade, de conhecimento, de experiências vividas, etc.

Lutar contra o envelhecimento, apenas pensando nas questões estéticas, pode ser um impeditivo para a vivência plena dessa fase. Cuidado com os padrões de beleza.

4. Mudanças no ritmo de atividades

O ritmo para a prática de determinadas atividades também pode começar a mudar. Embora a pessoa possa manter a sua autonomia por muito tempo, ainda assim ela pode encarar uma caminhada mais lenta, uma maior dificuldade para se agachar, e assim por diante.

Da mesma forma, pode ter uma redução na agilidade para limpar a casa, organizar as suas coisas, entre outros pontos.

Essas mudanças podem se tornar um problema à medida que o idoso começa a se comparar com as outras pessoas, crendo que elas são melhores do que ele. Além disso, a comparação com a pessoa que se foi na juventude também é algo arriscado que pode impactar, negativamente, a autoestima na terceira idade.

5. Isolamento social

Devido a uma série de fatores, que podem variar de caso a caso, a solidão e o isolamento social na terceira idade podem aparecer. Quando aparecem, colocam a saúde mental do sujeito em risco, aumentando as chances de o idoso desenvolver um quadro de depressão, por exemplo.

Esse isolamento também pode impactar a autoestima na terceira idade, uma vez que, nas relações sociais, podemos nos sentir amados, acolhidos e pertencentes a um grupo, com uma identidade válida. Quando estamos “sozinhos” por muito tempo, podemos nos enxergar de uma maneira mais negativa, como se não fizéssemos parte de algo e não tivéssemos atributos para isso.

6. Dificuldades para manter o autocuidado

Manter o autocuidado na terceira idade pode ser um desafio para quem enxerga as mudanças causadas pela velhice como algo que não tem “jeito”. Ou seja, a pessoa pode deixar de usar cosméticos e de cuidar de si mesma por acreditar que “está velha demais para mudar algo em si”.

Porém, essa postura de negligenciar o próprio cuidado de si pode prejudicar a autoestima na terceira idade. Por isso, manter uma rotina de cuidados com a pele, saúde, cabelos, unhas etc., é algo que pode mudar muitas perspectivas que o indivíduo constrói sobre si mesmo.

7. Diagnóstico de doenças crônicas

Os diagnósticos também podem abalar a autoestima na terceira idade. A pessoa pode se sentir fragilizada, impotente diante do que está acontecendo, além de sofrer limitações na rotina, na alimentação e em outras circunstâncias, aumentando a sensação de “fraqueza” em algumas situações.

Nesse caso, buscar saber mais sobre o quadro clínico, a fim de compreender o prognóstico e buscar medidas que minimizem os efeitos da doença são ações pertinentes e benéficas.

Ações que auxiliam na boa manutenção da autoestima na terceira idade

Até aqui, pudemos ver alguns fatores que podem impactar a autoestima na terceira idade. Agora, você poderá acompanhar algumas ações que podem contribuir para o aumento do bem-estar e da visão positiva de si.

Porém, antes de darmos continuidade, é importante frisarmos que não existe passo a passo para lidar com os problemas de autoestima no idoso. Cada caso sempre será único, e saber escutar a si mesmo, buscando ajuda profissional quando necessário, são ações muito pertinentes.

Nossas considerações abaixo são apenas dicas, não uma prescrição do que deve ou não deve ser feito. Veja:

1. Evitar comparações – inclusive consigo mesmo

As comparações podem minar a nossa visão sobre quem somos e sobre quais são os nossos atributos.

Comparar-se com as outras pessoas é ser injusto com você e com ela, uma vez que ninguém trilha os mesmos caminhos para poder ser comparado dessa forma.

Comparar-se com você mesmo é negligenciar o fato de que não existe um ser humano que não vivencie mudanças no decorrer do seu desenvolvimento.

Você não é mais aquela pessoa jovem que foi um dia, e tudo bem! Hoje você é uma pessoa madura, com muitos conhecimentos a mais, e com experiências de perder as contas. Então, por que comparar apenas a aparência com a que você tinha na juventude? Busque analisar o que você conquistou, não o que você julga “que perdeu”.

E nunca se esqueça: as comparações minam o bem-estar e são injustas.

2. Investir nas interações sociais

Investir nas interações sociais e nas relações familiares são ações que podem contribuir para o aumento da autoestima na terceira idade. Como comentamos no decorrer deste conteúdo, essas interações podem elevar o sentimento de pertencimento, fazendo com que nos sintamos amados e importantes para as outras pessoas.

Essa sensação de ser valorizado por quem amamos é muito benéfica para o nosso bem-estar e para a forma como nos enxergamos.

3. Não abrir mão da vida sexual

A vida sexual na terceira idade não precisa ser um tabu e tampouco vista como algo que não existe. Pois o desejo não só existe, como pode ser satisfeito por meio das relações com o seu parceiro ou parceira.

A vida sexual tem um papel muito importante para a saúde mental e física do sujeito, pois promove relaxamento, contribui para o estímulo do sistema imunológico, aumenta a autoestima e promove um maior vínculo com a pessoa que está conosco.

Portanto, lembre-se de que você não precisa seguir a ideia social de que idosos são assexuais, uma vez que isso é mentira. Você pode seguir a sua vida sexual como quiser, desde que sempre mantenha a proteção em primeiro lugar, ok?

4. Praticar o autocuidado e evitar negligenciar isso

Sabemos que, em algumas situações, as mudanças na aparência podem desestimular os cuidados com a pele e com os cabelos, por exemplo. Porém, negligenciar esse tipo de cuidado é minar a própria autoestima na terceira idade.

O uso de cosméticos para manter a pele saudável e bonita, por exemplo, é algo que pode mudar a sua perspectiva sobre si mesmo. Não há necessidade de buscar cosméticos milagrosos que façam você parecer quem já foi algum dia.

Mas, sim, é possível investir em cosméticos que mantenham a saúde da pele e dos cabelos, promovendo bem-estar e, acima de tudo, um momento em que você prioriza a si mesmo.

5. Ressignificar o processo de envelhecimento

O processo de envelhecimento pode ser cercado de tabus e estigmas que vão minando a autoestima na terceira idade. A pessoa pode encarar o envelhecimento como algo ruim, como um ciclo para o fim, entre outros pontos que desestimulam uma visão mais positiva de si mesmo.

Sendo assim, buscar ressignificar esses conceitos é um caminho promissor. Ao invés de enxergar a velhice como algo ruim e que marca mudanças “negativas”, que tal encará-la como um conjunto de sabedorias e de conhecimentos que foram e vão sendo adquiridos com o passar do tempo?

Você não precisa associar a velhice apenas às questões estéticas. Você pode associá-la com o intelectual, com a construção de uma família linda, e assim por diante. Enxergar os atributos positivos que o tempo foi capaz de trazer é algo que vale a pena fazer.

6. Praticar exercícios

As práticas de exercícios físicos também são capazes de elevar a autoestima na terceira idade. Primeiro porque os exercícios melhoram a disposição, a saúde física, a força e promovem uma boa forma. Segundo porque eles promovem sensações de prazer e bem-estar que podem mudar as nossas perspectivas sobre a vida e a rotina.

Sendo assim, apostar em atividades como pilates, yoga, natação, caminhadas e outras possibilidades é algo bastante interessante. Invista em atividades que possam, ainda, aproximar você de amigos e conhecidos, construindo uma rotina agradável e divertida.

7. Desenvolver novas habilidades

Desenvolver novas habilidades também é algo que pode elevar a autoestima. Isso porque quando aprendemos algo novo, percebemos a nossa capacidade para fazer coisas diferentes, o que aumenta a nossa autoconfiança e pode nos ajudar a construir uma autoimagem mais positiva.

Portanto, descobrir o que você deseja aprender, desde um hobby, até um novo idioma ou graduação, por exemplo, é algo que tende a promover resultados incríveis. Estimule novos conhecimentos, descubra coisas novas, viva novas experiências e veja como tudo isso pode mudar as suas perspectivas sobre si mesmo.

8. Estímulo da própria autonomia – dentro de limites saudáveis

Estimule a sua própria autonomia sempre que for possível. Converse com os seus familiares para que eles auxiliem você apenas no que for necessário, evitando que eles tomem a frente de tudo e acabem deixando você menos ativo na sua própria rotina.

Você pode solicitar mudanças e adaptações no ambiente para garantir que se locomova sozinho, bem como pode solicitar mudanças no cardápio, nos utensílios usados, e em outras situações, visando estimular a sua própria atuação ativa frente às necessidades diárias.

Claro que não estamos dizendo para você “forçar a barra” e tentar fazer coisas difíceis sozinho. Mas, sim, estamos falando de você apostar em tentativas seguras de manter a autonomia em atividades que estão ao seu alcance, sem se colocar em risco.

9. Buscar a psicoterapia

A psicoterapia pode ajudar na hora de atravessar todas as mudanças que vêm sendo vividas na terceira idade. É possível pensar nos pontos fortes e fracos, praticar o autoconhecimento e entender mais profundamente o seu próprio valor.

Ao mesmo tempo, o terapeuta pode auxiliar na análise das emoções, dúvidas e angústias referente às diversas esferas de sua vida.

Portanto, apostar nessa possibilidade é algo válido na hora de estimular a saúde mental e a autoestima na terceira idade.

A família também tem papel importante na construção da boa autoestima na terceira idade

Lembre-se de que a família também tem um papel importante na construção da autoestima na terceira idade. Se você tem um idoso na família, fique atento às atitudes que tem com relação a ele.

Manter a autonomia do idoso, buscar ouvi-lo, acolhê-lo e incluí-lo nas decisões da família são ações que geram o sentimento de pertencimento e elevam a estima por si mesmo.

Da mesma forma, estimular hábitos saudáveis, promover interações sociais sadias e, simplesmente, elogiar a pessoa, são atitudes que também são bem-vindas nessas situações.

Considere essas dicas, reflita sobre o que faz sentido para a sua família e invista em ações que contribuem para uma boa autoestima na terceira idade.

Referências

FONSECA, C. C. et. al. Autoestima e satisfação corporal em idosas praticantes e não praticantes de atividades corporais. Artigos Originais • Rev. educ. fis. UEM 25 (3) • Jul-Sep 2014.

RIBEIRO, L. F. QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE. Ágora : revista de divulgação científica, [S. l.], v. 17, n. 2, p. 75–80, 2012. DOI: 10.24302/agora.v17i2.183. Disponível em: https://www.periodicos.unc.br/index.php/agora/article/view/183. Acesso em: 8 nov. 2022.

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