medicina e exercicio
Pesquisar
Pesquisar

Atividade Física pós Transplante Cardíaco

Qual a importância da atividade física pós transplante cardíaco?

A atividade física é uma parte fundamental da recuperação após um transplante cardíaco.

Como todas as pessoas que passam por uma grande cirurgia e uma internação prolongada, o transplante cardíaco provoca perda de massa muscular, da capacidade aeróbia, do equilíbrio e da mobilidade.

A recuperação de todas estas valências será uma das prioridades do período inicial de recuperação.

Além disso, muitos pacientes chegam ao transplante cardíaco com uma vida bastante sedentária, devido à insuficiência cardíaca que levou à indicação para o transplante. Outros deixam de se exercitar após o transplante com medo de que “o coração não irá aguentar”.

A atividade física não apenas é permitida como é fundamental para o prognóstico e para a qualidade de vida do paciente.

Praticar exercícios regularmente tem inúmeros benefícios, incluindo:

  • Melhor controle da pressão arterial;
  • Redução do estresse,
  • Obtenção ou manutenção de um peso corporal saudável;
  • Fortalecimento dos ossos;
  • Aumento da capacidade funcional.

Pacientes com transplante de coração são capazes inclusive de participar de esportes competitivos, como corrida de rua, natação e triathlon. Existe inclusive uma “olimpíada para transplantados”, organizada pela World Transplant Game Federation (3).

Limitações da atividade física após um transplante cardíaco

Alguns cuidados devem ser levados em consideração no momento de se prescrever exercícios para um paciente submetido a transplante cardíaco.

Mesmo com a normalização ou melhora da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (VE), os pacientes transplantados continuam apresentando uma menor tolerância aos exercícios.

Comparado com pessoas saudáveis da mesma idade, é esperado que o consumo máximo de oxigênio fique entre 40% e 50% menor (1). Isso se dá às custas de uma inervação deficiente do coração transplantado combinado com uma pior condição musculoesquelética.

Por outro lado, a prática regular de exercício mostrou ser capaz de aumentar gradativamente o consumo de oxigênio para valores próximos do esperado para a população não transplantada.

Outro ponto a ser considerado é que o ajuste na frequência cardíaca é mais limitado.

Em um coração normal, é esperado que, quando uma pessoa começa a se exercitar, a frequência cardíaca aumenta e o coração passa a bater mais forte.

Já o coração transplantado apresenta um aumento significativamente mais lento da frequência cardíaca no início do exercício, uma frequência cardíaca de pico reduzida e um retorno atrasado aos valores de repouso após a interrupção do exercício.

Assim, o transplantado depende principalmente no aumento na força de contração do coração para aumentar o volume de sangue circulante.

Quando os exercícios são iniciados após o transplante cardíaco?

A reabilitação cardíaca deve ser iniciada ainda no hospital. O paciente é estimulado a se sentar e, em seguida, se levar para pequenas caminhadas.

A segunda fase da reabilitação é feita em um centro de reabilitação cardíaca, com inicio imediatamente após a alta hospitalar.

Neste momento, o esforço físico aumenta gradativamente, ao mesmo tempo em que o coração do paciente é monitorado para avaliar a resposta que ele tem frente ao exercício.

Ajustes nos programas de exercícios serão feitos constantemente. Esta fase se prolonga até aproximadamente três meses após a cirurgia.

A terceira e última fase da reabilitação cardíaca se inicia quando o paciente é liberado para fazer atividades físicas sem supervisão. Esta fase deverá se prolongar para o resto da vida.

Prescrição de exercícios

A prescrição de exercícios deve seguir as mesmas diretrizes feitas para a população geral. Isso significa:

  • Ao menos 30 minutos de atividades aeróbicas em 5 a 7 dias da semana, totalizando ao menos 150 minutos na semana.
  • Ao menos dois dias de atividade resistida (treino de força) por semana.

Devido à maior dificuldade do paciente transplantado em ajustar a frequência cardíaca conforme a intensidade do exercício, a recomendação é que se dê prioridade para atividades com intensidade relativamente contínua, evitando-se os exercícios intervalados.

Além disso, é importante que se realize um período de aquecimento completo, bem como uma redução gradual do esforço até o repouso após o exercício. Os exercícios devem ser iniciados em intensidade moderada, o que significa uma frequência cardíaca correspondente a até 60% do VO2 máximo, medido no teste de esforço cardíaco.

Aos poucos, a intensidade pode ser aumentada para até 80% do VO2max e, eventualmente, até o esforço máximo.

Alguns pacientes retornam inclusive para atividades como a maratona ou o triathlon (1).

Quais exercícios devem ser evitados após um transplante cardíaco?

Ainda que o exercício seja extremamente benéfico para o paciente transplantado, alguns tipos de atividade são menos seguras e devem ser evitadas.

Certas posições adotadas em aulas de ioga e/ou Pilates podem dificultar o retorno do sangue para o coração e não são seguros para pessoas com doenças cardíacas.

Alguns cuidados também devem ser observados nos exercícios de musculação.

A resposta natural quando uma pessoa levanta alguma coisa muito pesada é prender a respiração. Entretanto, isso pode limitar o fluxo sanguíneo para o coração e gerar um estresse que pode ser perigoso.

Para evitar isso, é importante evitar pesos muito grandes, que force o paciente a prender a respiração.

Quando o exercício deve ser interrompido?

Ainda que no médio prazo os potenciais benefícios da atividade física superem bastante os eventuais riscos, existe de fato um maior estresse sobre o coração durante o exercício com potencial para desencadear um evento cardíaco agudo.

A melhor forma de se evitar isso é realizar avaliações regulares com o cardiologista, fazer qualquer mudança na rotina de exercícios de forma gradual e, também, ficar alerta a certos sinais com os quais o exercício deverá ser interrompido.

Não existe problema em ficar um pouco sem fôlego. Entretanto, o paciente ainda deve ser capaz de manter uma conversa.

Na presença de um dos sintomas abaixo, o exercício deve ser interrompida e a assistência médica deve ser buscada de imediato:

  • Aperto no peito.
  • Tontura.
  • Palpitações.
  • Falta de ar extrema.