Apresentação Fetal
O que é a apresentação, posição e situação Fetal?
Durante a gestação, o feto pode ficar posicionado de várias maneiras no útero da mãe. A cabeça pode estar para cima ou para baixo e o rosto pode estar voltado para as costas ou frente da mãe.
Nos estágios iniciais, ele é capaz de se mover e mudar de posição facilmente. Perto do final da gravidez, ele vai perdendo a capacidade de mudar de posição até se “encaixar” no canal de parto.
O posicionamento do feto tem um efeito importante sobre o parto. Ele é descrito por três variáveis:
- Apresentação fetal: diz respeito à parte do corpo do feto que está voltado para o canal vagina. O mais comum é que a cabeça esteja na frente, o que é chamado de apresentação cefálica. Eventualmente, as nádegas (apresentação pélvica), o ombro ou a face podem estar na frente.
- Posição fetal: diz respeito à direção em que o feto está voltado, se está com o rosto para trás (occipital anterior) ou para frente (occipital posterior).
- situação fetal: diz respeito ao ângulo do feto em relação à mãe e ao útero. O mais comum é a situação longitudinal, quando o eixo longitudinal do feto e da mãe estão ambos estão paralelos. Eventualmente, o bebê pode estar de lado (situação transversa) ou em ângulo (situação oblíqua).
Apresentação cefálica
A apresentação Cefálica é a mais comum, ocorrendo na grande maioria dos partos a termo. Essa é também a apresentação mais segura para o parto vaginal.
Apresentação Cefálica Occipitoanterior
É a posição ideal para o parto vaginal, que acontece em 95% dos partos a termo. O bebê está com a cabeça fletida e com o occipício (parte de trás da cabeça) voltado para o púbis materno.
Cefálica Occipitoposterior
A cabeça está fletida, mas com o occipício voltado para o sacro materno e o rosto para frente. Essa é a forma mais comum. O parto vaginal é possível, mas o trabalho de parto tende a ser mais prolongado e com maior risco de lacerações perineais ou de precisar de instrumentais (focerceps), bem como de precisar de cesariana.
Deflexões Cefálicas
Deflexão cefálica se refere à apresentação na qual a cabeça do bebê não está totalmente flexionada em direção ao peito, mas sim parcialmente ou totalmente estendida, como que “olhando para cima”. Ela pode ser classificada em três graus, de acordo com o grau de extensão: primeiro grau (bregmática), segundo grau (frontal) e terceiro grau (face).
- Deflexão de primeiro grau (Bregmática): A cabeça está levemente estendida, com o bregma (fontanela anterior) como ponto de referência.
- Deflexão de segundo grau (Frontal): A cabeça está mais estendida, com a região da fronte (testa) como ponto de referência.
- Deflexão de terceiro grau (Face): A cabeça está completamente estendida, com o rosto do bebê voltado para o canal de parto.
.A deflexão cefálica pode influenciar na escolha da via de parto, já que o parto vaginal pode se prolongar e exigir o uso de instrumentos (fórceps). O grau de deflexão e a experiência do obstetra são fatores importantes.
Deflexões de primeiro e terceiro grau podem, em alguns casos, permitir o parto vaginal com o auxílio de manobras, enquanto deflexões de segundo grau podem exigir cesariana, por conta do maior diâmetro cefálico.
Apresentação Pélvica
Apresentação pélvica é aquela na qual as nádegas ou os pés do bebê, em vez da cabeça, estão voltados para a saída da pelve, ou seja, para o canal de parto.
A termo (≥37 semanas):
Ela acontece em cerca de 3-4% das gestações a termo e em até 25% das gestações antes de 28 semanas, sendo mais comum em casos de multiparidade, prematuridade, placenta prévia, malformações uterinas ou fetais, gestação múltipla, polidrâmnio ou oligoidrâmnio.
A apresentação pélvica pode ser subclassificada em três tipos:
- Apresentação pélvica franca (50-70%): as pernas do bebê estão estendidas para cima, com os pés próximos ao rosto.
- Apresentação pélvica completa (20-40%): as pernas do bebê estão dobradas na altura dos joelhos e quadris, com os pés próximos às nádegas.
- Apresentação pélvica incompleta (5-10%): pelo menos uma das pernas ou pés do bebê está estendida e aparece antes da região glútea no canal de parto. É também chamada de “posição em pé” ou “em Joelho”.
Nas gestantes com feto em apresentação pélvica, o parto cesárea será considerado na maior parte das vezes.
O parto vaginal, ainda que possível em algumas situações, leva a um maior risco de complicações como dificuldade no desprendimento da cabeça, risco de hipóxia e de lesões traumáticas (luxações, fraturas, lesão de partes moles). Mesmo em centros experientes, a mortalidade perinatal é 2 a 4 vezes maior que na apresentação cefálica.
Ele ainda pode ser considerado em condições estritas de peso adequado, trabalho de parto evolutivo e equipe experiente.
Apresentação Transversa ou Obliqua
A posição transvesa ou oblíqua é uma condição na qual o feto está posicionado transversalmente ou obliquamente, geralmente com o ombro voltado para o canal de parto
.Antes do trabalho de parto, é possível tentar a versão cefálica externa (VCE), uma manobra no qual o médico tenta, manualmente, virar um bebê de dentro do útero da mãe para a posição cefálica.
Se a apresentação transversa persistir, o parto vaginal não será seguro, devendo-se optar pelo parto cesárea.
Até quando a posição fetal pode mudar?
A posição fetal pode mudar até as últimas semanas da gestação, mas a maioria dos bebês se posiciona de cabeça para baixo (posição cefálica) entre a 32ª e a 36ª semana de gravidez. Após esse período, a chance de o bebê mudar de posição diminui devido à restrição do espaço no útero.
Diferentes tipos de apresentação
Mostramos na tabela abaixo os diferentes tipos de apresentação, posição e situação fetal.
Apresentação Fetal | Incidência a termo | Características | Recomendação de Parto |
Cefálica Occipitoanterior (OEA) | ~90-95% | Cabeça fletida, occipício voltado para o púbis materno. | Parto vaginal espontâneo é o padrão. |
Cefálica Occipitoposterior (OPP) | ~5-8% | Cabeça fletida, occipício voltado para o sacro materno. | Pode evoluir para parto vaginal, porém com maior risco de fórceps/ventosa ou cesárea. |
Cefálica Bregmática (deflexão leve) | <1% | Apresenta maior diâmetro cefálico; fontanela anterior central. | Possível parto vaginal, mas geralmente prolongado. |
Cefálica Frontal (deflexão moderada) | Rara (<0,1%) | Testa como ponto de referência, diâmetro cefálico máximo. | Geralmente cesárea indicada. |
Cefálica Facial (deflexão máxima) | Rara (~0,2%) | Face como apresentação; mento anterior ou posterior. | Mento anterior pode ter parto vaginal; mento posterior → cesárea. |
Pélvica Franca | 2% | Nádegas apresentadas, pernas estendidas. | Considerar versão cefálica externa; parto vaginal possível em condições ideais, senão cesárea. |
Pélvica Completa | 1% | Nádegas e pés juntos; joelhos fletidos. | Geralmente cesárea, salvo condições muito favoráveis. |
Pélvica Incompleta (pé ou joelho) | <0,5% | Um ou ambos pés/joelhos apresentando. | Alto risco de prolapso de cordão → cesárea. |
Apresentação Transversa | ~0,3% | Eixo fetal perpendicular ao útero, ombro como referência. | Cesárea obrigatória (salvo correção espontânea ou versão externa prévia). |
Apresentação Oblíqua | Rara | Eixo fetal inclinado, instável. | Pode corrigir para cefálica espontaneamente; se persistir → cesárea. |