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Acompanhamento pediátrico no quarto semestre (18 a 24 meses de vida)

Desenvolvimento motor

Com 18 meses, algumas crianças começaram a andar recentemente e outras já apresentam uma maior habilidade. Mas, ao completar 2 anos de idade, é esperado que estejam correndo com maior facilidade, jogando bola ou outros esportes que envolve agilidade e brincando de pega-pega.

A percepção de que as coisas se movem de lugar ainda é limitada. Assim, chutar uma bola em movimento pode ser algo bem mais complicado.

Quedas também são frequentes, o que envolve sempre pequenos ferimentos.

As habilidades com os braços também evoluem, incluindo o arremesso de objetos com uma única mão.

Desenvolvimento da linguagem

Com 18 meses, geralmente os pais conseguem entender aproximadamente 50% do que o filho diz – outras pessoas terão uma compreensão menor. Por outro lado, o bebê já reconhece a maioria das palavras que escuta. Algumas podem já estar juntando duas palavras (“que coió”, por exemplo, para pedir colo)

Já próximo dos 2 anos, ele provavelmente cantará partes de músicas e já poderá falar frases com até três ou quatro palavras.

Além de um vocabulário mais extenso, a compreensão das palavras também aumentará bastante.

Comportamento social

Com 18 meses, é esperado que o bebê goste de encontrar outras crianças. No entanto, não quer brincar com elas, mas ao lado delas.

Já próximo ao segundo aniversário, ela começa a mostrar interesse em brincar junto. Isso inclui atividades como pega-pega ou jogar futebol.

O intenso nível de atividade às vezes descamba para agressões, como chutes, empurrões e mordidas. Muitas fazem isso não é feito por raiva, mas sim pela simples curiosidade sobre o que irá acontecer.

O bebê também reage frente ao resultado obtido com seus comportamentos, sejam eles bons ou ruins. Ele fica feliz quando consegue o que quer, e frustrado em caso de fracasso.

Transtornos do neurodesenvolvimento

Principalmente a partir dos 18 meses de vida, o pediatra precisa ficar atento aos sinais sugestivos de transtornos do neurodesenvolvimento.

Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são problemas neurológicos que podem interferir com a aquisição, retenção, ou aplicação de habilidades e que se desenvolvem ao longo da infância, geralmente antes da idade escolar.

Eles podem envolver problemas relacionados à atenção, memória, percepção, linguagem, solução de problemas ou interação social. Como consequência, podem comprometer o funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional.

Entre os principais tipos de transtornos do neurodesenvolvimento, incluem-se:

Desfraldamento

Entre 18 meses e 2 anos, a maioria dos bebês começa a demonstrar que está prestes a fazer xixi ou cocô. Algumas se agacham, outras se escondem, outras simplesmente mostram uma irritação anormal.

Mesmo que ainda não esteja pronto para iniciar o desfralde, ter um penico em casa pode ser uma boa forma de ele ir se acostumando com a ideia.

A média de idade para o início do processo de desfralde é de 1 ano e 10 meses, enquanto a conclusão acontece aos 2 anos e 3 meses. No entanto, é normal que muitas ainda não estejam preparadas para isso.

Discutimos mais sobre o processo de desfralde do bebê em um artigo específico.

Alimentação

A idade entre 18 e 24 meses é habitualmente um período de pouco apetite pela criança. Isso pode frustrar muitos pais, que perdem um tempo razoável preparando a comida que o bebê ignora. Muitos procuram usar de recursos para distrair o bebê e forçá-lo a comer ao menos um pouco. Os principais deles são a televisão, tablets ou telefones celulares. Isso é mais prejudicial do que benéfico para o bebê – Se ele de fato estiver precisando do alimento, não irá recusá-lo.

Ao completar o primeiro ano de vida, o bebê já é capaz de acompanhar a mesma alimentação da família.

No entanto, este é também um momento em que ele estará estabelecendo hábitos que serão levados para toda a vida. Por isso, a adoção de bons hábitos alimentares e de uma boa rotina alimentar é fundamental.

Aquilo que é saudável para os pais também é bom para o bebê. É fundamental que os pais tenham uma alimentação saudável, afinal eles serão os maiores exemplos para os filhos.

Ambiente das refeições
O bebê no quarto semestre de vida é facilmente distraído, tornando o ambiente em que as refeições são feitas mais importantes do que nunca.
Telefones celulares, tablets e televisão não devem ser usados para distrair o bebê. Ambientes muito barulhentos também precisam ser evitados.
Deve-se dar tempo e paciência para que os bebês coloquem a mão na comida, sintam a consistência dos alimentos e façam experimentos com eles. Eles vão jogar comida no chão, na orelha, no cabelo. Faz parte.

Amamentação
Idealmente, a amamentação deve ser mantida até os dois anos de idade, tanto pelo vínculo afetivo que ele proporciona como pela qualidade nutricional do leite materno.
No entanto, é completamente viável estabelecer uma alimentação saudável para o bebê sem o leite materno.

Diversificação alimentar
Manter uma alimentação variada é importante, de forma a se evitar que a criança fique dependente de um único alimento. Este é um problema comum que pode ser difícil de corrigir em uma idade mais avançada.

Alimentos saudáveis
Produtos industrializados, açúcar (incluindo refrigerantes e sucos, mesmo os naturais) e sal devem ser evitados ao máximo até os dois anos de idade.
Além de serem nutricionalmente ruins, estes alimentos estão associados a diferentes problemas de saúde.
Mais do que isso, a presença dos sabores doces na infância contribui para a constituição do paladar que pede mais açúcar ao longo da vida.

Risco de engasgo
Outra preocupação é com o risco de engasgo. Isso acontece especialmente com alimentos de formato redondo, oval ou cilíndrico, alimentos com consistência dura ou firme e alimentos duros cortados com menos de 3 cm de diâmetro.
Entre estes alimentos, incluem-se:

  • Salsicha
  • Balas duras e pirulitos
  • Amendoim, nozes e castanhas
  • Pedaços de frutas duras como maçã, ou vegetais crus como a cenoura
  • Uvas inteiras
  • Pipocas
  • Alimentos com consistência pegajosa, como o brigadeiro.

Ganho de peso

O crescimento em peso e altura estão entre os principais indicadores de saúde do bebê.

A idade entre 2 e 3 anos é uma das mais vulneráveis para os distúrbios de crescimento, de forma que o acompanhamento próximo pelo pediatra é fundamental.

O ganho insuficiente pode estar associado a diferentes condições de saúde, incluindo o aporte nutricional insuficiente.

Frente a situações adversas, a velocidade de crescimento pode diminuir ou até mesmo ser interrompida. Por outro lado, a capacidade de recuperação é igualmente grande.

Espera-se nesta fase da vida um ganho médio de 2,5 Kg por ano de peso, com um crescimento em altura de 12cm no segundo ano e 8cm no terceiro ano.

No entanto, é preciso considerar que há variações mês a mês e um padrão fixo não é seguido. De fato, em poucos meses, o bebê pode perder peso em vez de ganhar, para depois crescer acima do esperado no mês seguinte. Isso é perfeitamente normal.

Mais importante do que o ganho absoluto de peso e altura, no entanto, é colocar o bebê no seu gráfico de crescimento, verificando se ele se mantém dentro de sua curva de crescimento.

Rotina de sono

Próximo dos dois anos de idade, muitos pais decidem transferir os filhos do berço para uma cama maior, temendo que eles possam pular sozinhos para fora.

Chegado o momento, é preciso ter paciência e entender que esta transição não acontece de uma hora para outra.

A liberdade de sair da cama por conta própria leva a muitas idas e vindas atrás dos pais e, com frequência, a visitas noturnas à cama deles.

Estabelecer uma rotina de sono é fundamental.

Idealmente, o bebê deve ser colocado no berço sonolento, mas ainda acordado, para que aprenda a dormir sozinho.

Neste período 18 a 24 meses, alguns bebês continuam fazendo duas sonecas ao longo do dia, enquanto outras passam a tirar uma única soneca, geralmente na parte da tarde. No entanto, o sono tende a ficar meio desorganizado até que esta transição aconteça por completo.

O sono noturno é de aproximadamente 11 horas. Para uma criança que precisa acordar as 6h da manhã para ir para a escola, isso significa que ela precisa estar na cama por volta das 19h.

Respeitar o tempo de sono do bebê é fundamental para seu desenvolvimento tanto físico como mental.

Infelizmente, a rotina da casa faz com que muitos destes bebês acabem dormindo mais tarde do que deveriam, levando a uma privação crônica de sono. Discutimos mais sobre isso em um artigo sobre o sono do bebê.

Vacinação

O pediatra deve checar as vacinas tomadas pelo bebê, conforme o calendário abaixo:

 

Tipo de vacina 15 meses 18 meses
Poliomielite Reforço
Tríplice bacteriana (difteria, tétano, coqueluche) Reforço
Haemophilus Reforço
Pneumocócica  Reforço
Antimeningocócica C Reforço
Influenza (gripe) Reforço anual

Prevenção de acidentes

Cuidados com quedas
A criança menor de dois anos ainda não tem noção do perigo e é incapaz de antever um risco imediato, mesmo após ter passado por algum acidente numa mesma situação.
O cuidado com brincadeiras na cama, parquinhos de diversão e outros ambientes com risco de queda deve ser redobrado.
Infelizmente, muitos destes brinquedos não possuem as proteções necessárias para evitar quedas, de forma que uma avaliação previa das estruturas dos brinquedos é recomendada. A criança nunca deve ficar desassistida nos parquinhos infantis, mesmo naqueles brinquedos que ela já tenha demonstrado habilidade prévia.

Cuidados com o ambiente
O bebê com menos de dois anos costuma se apoiar e puxar os móveis para pegar alguma coisa que esteja sobre ele. Se não estiverem bem fixos, estes moveis podem virar e provocar acidentes.

Cuidados na cozinha
O bebê no segundo ano de vida é capaz de se deslocar rapidamente, mas ainda não reconhe
ce perigos. Todo o cuidado é pouco para mantê-lo afastado de fogões. Dar sempre preferência por colocar panelas na parte de trás do fogão, onde o bebê não consiga alcançar.
O mesmo cuidado é válido para bebidas quentes, como o café.

Cuidados com escada
Por mais que tenha ouvido 50 “nãos”, as escadas serão sempre um atrativo a parte para os bebês.
Devido a sua maior agilidade, poucos segundos de distração podem ser o suficiente para que a criança chegue até a escada e de lá sofra um acidente.
Assim, escadas devem sempre ser protegidas com portões específicos para este fim, de forma a impedir que a criança suba ou desça a escada sem a supervisão necessária.

Cuidados com o transporte
O bebê nunca deve ser transportado em automóveis sem a instalação correta de um bebê conforto certificado pelo INMETRO.
O principal cuidado a ser tomado com o recém-nascido no bebê conforto é instalar o dispositivo de costas para o movimento do carro.
Crianças de até 2 anos têm 75% menos chance de sofrer lesões graves ou fatais num acidente se estiverem de costas para a dianteira do automóvel.
Nessa posição, em caso de acidentes, a criança será impulsionada para o interior de sua cadeirinha para auto, sua cabeça ficará bem envolvida e seu corpo receberá menos pressão.

Cuidados com o trânsito
Crianças próximas dos dois anos de idade já têm habilidade para correrem rapidamente para a rua, mas não têm a noção do perigo. Assim, elas devem estar sempre de mãos dadas, mesmo na calçada.